Quando te conheci

Quando te conheci, sabia que a distância daria o tom. Que cada encontro teria um quê de despedida. Que nossa promessa não tinha não, teria o selo "cumpra-se"! Tinha a leveza da brisa, que se renovava no olhar trocado em meu portão. Que mal disfarçava a avidez de se ver. Aí o carinho era trocado por um jornal, um livro, uma mudinha, um perfume... e aí cada um doava um pedacinho de si, que o outro levava com a cerimônia de um tesouro. Quantos portões ficaram eternizados no coração? Aquele olhar, tão raro, tão desejado, nos alimentou nesse tempo de sonho e segredo. Pensamento incômodo - quando não mais? Já não chego ao portão, a poesia já não vive no olhar de se encontrar. Já não desço lépida, leve, para te encontrar, porque você não está lá! Não mais o beijo urgente, roubado, sequestrado da nossa vida, no momento só nosso! De um paraíso em qualquer lugar, abençoado pela chuva de dezembro, o carinho de cada gesto, tatuado e perfumado em nossa lembrança! Estado de graça dos dois! Em algum lugar, onde só nós sabemos chegar! Amo você!