Querido Papel

Querido Papel,

Transmito meus sentimentos a ti, como forma de refutar os pensamentos, que por incrível que pareça, soam revoltados. Parece que aqui, no mundo exterior e cheio de vida, o caos se instalou e não quer ir embora.

A cada minuto recebo uma notícia diferente, e como se não bastasse o caos terreno, sinto-me num caos interno, onde com lágrimas nos olhos sinto a dor das pessoas que se foram, que lutam e protestam nesse exato momento. Sinto-lhe dizer, as pessoas perderam a humanidade.

Quero dizer querido papel, que queria ser você neste exato momento, pois assim, não sentiria o peso do mundo caótico sobre as costas, assim como George sentiu o peso daquele policial. Muito menos teria a revolta de ver tanta gente pagar o preço da ignorância e arrogância humana, como João Pedro sentiu na sala de sua casa.

Dói, não só ver que por aqui as pessoas esqueceram da empatia, mas como elas esqueceram daqueles que foram dizimados e torturados por aqueles que diziam apoiar a democracia. Com um pouco de cansaço a o descaso despeço-me de ti, com um desejo imenso de melhora, uma esperança pequena de mudança e um coração cheio de vontade de lutar.