SP - Março/18

Oi, Tudo bem?

Gostaria de convidá-lo para tomar um café comigo.

Estava limpando o guarda roupa e num canto escuro encontrei uma caixa de madeira, ao abri-la encontrei algumas roupinhas de bebê que pertenceram a nossa filha e junto, algumas camisas suas.

As roupinhas doei, a nossa filha cresceu e não pretendo ter mais bebes por aqui, as camisas eu separei, achei por bem, devolvê-las, embora talvez você nem se lembre mais delas, afinal elas ficaram guardadas por tanto tempo no canto escuro daquela caixa.

A vida nos deslocou para caminhos diferentes e os laços entre nós se enfraqueceram com o passar dos anos e, o que parecia ser tão forte, hoje já nem tem mais importância. Afinal, foram anos mais errando que acertando, porém acreditando que um dia poderia ser melhor que o outro.

Analisando a situação decidi devolver junto com as camisas os anos de humilhação que passei ao seu lado, as dores e tristezas as quais me submeti por um amor equivocado, que no fundo era mais seu do que meu; devolvo junto a solidão, as horas de abandono as quais chorei sozinha esperando um carinho que nunca vinha, quero devolver também as palavras que guardei por tanto tempo na minha alma porque achava que um dia poderia ser melhor que o outro e não valia a pena revidá-las.

Devolvo a você tudo o que é seu, pois sei que você é forte e da conta, e te deixo a vontade para, caso haja algo meu contigo, devolver-me, pois eu também sou forte e darei conta.

Eu te peço perdão, mas eu precisava fazer isso. Eu sinto muito que as coisas não tenham dado certo entre nós, eu acreditava que seria para a vida toda, mas também quero relembrar os bons momentos que passamos juntos, nossas viagens, os shows das nossas cantoras favoritas, os musicais, os nossos jantares, a primeira vez que molhei meus pés no mar foi contigo, meu primeiro homem, meu primeiro amor.

Eu também te peço perdão por nem sempre ter compreendido as suas necessidades, por não ter tido a percepção de libertá-lo do meu amor equivocado, que era mais meu do que seu. Por isso vou te dar um presente: Eu te liberto e me liberto de qualquer compromisso que tenhamos firmado nesta ou em outras vidas, para o meu e o seu bem maior, pois já crescemos o bastante para continuarmos presos em vivências egoístas. Já é tempo de viver novos amores, reconstruir a casa da Alma e voar livre, desapegar de tudo que não nos serve mais.

Eu também quero te agradecer por me ter permitido ser o vaso de amor que acolheu a sua semente na minha terra fértil, também lhe sou grata porque contigo eu aprendi muitas coisas, inclusive a ser mais ética e observar que “nem tudo é o que parece ser”. Você tinha razão quando dizia que eu não “entendia os sinais”.

Você pode pensar que estou sendo desaforada, mas a verdade é que um dia isso iria acontecer. “Tudo o que está escondido aparece.”

Hoje me sinto em paz, confortada, uma nova mulher, sem dor, a catarse é quase sempre dolorida, mas quando acontece ela nos torna realmente quem somos. O verdadeiro Ser surge e o Universo abre todos os portais, você sabe do que estou falando. Bem, vou ficando por aqui, mas o convite para o café ainda está de pé. Ah, só quero acrescentar que, do fundo da minha Alma, EU TE AMO.

Regina Oliveira Devi
Enviado por Regina Oliveira Devi em 18/04/2018
Código do texto: T6312265
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.