Outrora,
 
   Saudade daquele tempo não tão distante, onde as horas pareciam passar devagar, quando ser sonhador era simples e pouco requeria de nós. Saudade dos momentos que se prendem na memória, das voltas de bicicleta, dos amigos imaginários, de pelúcia ou de pele, com olhos curiosos ou garras afiadas.
   Saudade do prazer das descobertas, do sorriso alegre e envolvente a cada nova história dos avós. Das aventuras por lugares que hoje, já se tornaram rotina, ou desapareceram. Tudo isso, jamais será apagado.
   Saudade dos tombos, arranhões na carne, sem rasgar a alma. Machucados que curam com um beijo, sem a necessidade de um pote de antidepressivos ou uma faca embaixo do travesseiro.
   Saudade de brincar de vida, vestir de felicidade brinquedos destruídos, como se fosse fácil apagar as dores, as cicatrizes. Colecionar apenas sorrisos em vidros folgados, deixando espaço para as lágrimas que viriam com o tempo.
   A saudade é que define esse vazio de inocência, o anseio por esquecer que os monstros são os humanos que nos cercam. A vontade de acreditar na bondade outra vez, sentir o calor de um abraço sem medo do inverno que é a solidão.
 
Johan Henryque e Cintia da Silva
Enviado por Johan Henryque em 03/02/2018
Reeditado em 12/02/2018
Código do texto: T6243743
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