Querida Karen,


     Faz tempo que não nos falamos, e um maior que não nos olhamos, mas algo me diz que nossa história não acabou. Semana que vem faço vinte e quatro anos, e ainda penso em você sempre antes de dormir. Na maioria das vezes acabo sonhando contigo. De quando trocávamos brilhos de felicidade e a ausência não importava, mas deixava um gosto meio amargo em nossas bocas, em nossas almas, quando nossos lábios se tocavam para uma despedida. Decidi te escrever esta carta quando em um dia dentro de uma antiga livraria, tendo frio abatendo meus sentidos e minhas companhias sem entenderem meus sentimentos. Mas só o fiz agora, depois de ouvir aquela música--nossa música. E mesmo após todos esses dias, todas essas horas que passo comigo, você ainda está certa.
     Sinto sua falta. Meu corpo não é o mesmo sem você. Quero sair, parar de andar sobre as pedras que me arrancam agonizantes lágrimas escondidas. Perdendo o controle como uma floresta em chamas. Sou pequeno sem você. Sou menor do que já somos com essa natural distância que nos arrebata. Já quis te ligar às três da manhã para somente ouvir tua voz recheada com a mesma felicidade, mas perdi teu número na noite que o medo tomou conta de mim inteiramente. Repousei a cabeça em seu colo e ela acariciou meu rosto, brincou com meu cabelo e sussurrou ao pé de meu ouvido que meus olhos marejados são lindos. Assim como você fazia, Karen. Não sei como dar um fim a isso. E para como me apresento é horrível. Porém eu sei que vamos nos encontrar mais umas vezes, com o sol batendo em nossos peitos ou a lua em nossos lábios, assim como em nossos encontros com a esperança.

Com amor.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 23/01/2018
Código do texto: T6234037
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