Meu pai e as 29 cartas de dezembro. Dia 12 de dezembro.

Olá, pai.

Quanto mais o tempo passa, mas, a saudade aumenta.

Hoje, vou falar do quanto humano é errar.

Lembro da minha infância e de meus irmãos, o senhor nunca nos deixou faltar nada, porém, seu maior defeito foi a bebida, muitas vezes, ficávamos assustados com tanta agressividade gratuita, coisas complicadas de se esquecer.

O senhor, nunca agrediu nossa mãe, mas, nos deixava todos tensos com sua agressividade.

Em uma madrugada, o nosso cachorro uivava e o senhor nunca gostou desse som, então, levantou já com sua arma em punho e deu um tiro na garganta do animal.

O senhor gostava de jogo de sinuca e certa vez, houve um desentendimento, o senhor veio em casa, pegou a arma e atirou no salão do bar, todos correram, isso foi tenso e hilário. Recordo que um de meus irmãos lhe causou aperreio e o senhor descarregou suas duas armas no muro.

Isso, para crianças não é uma lembrança ideal.

Mas, erros assim, sem dúvida, lhe tiram a capa de herói e lhe tornam humano.

Hoje, sou um pai, que não uso de bebidas alcoólicas, até nisso, foi uma lição que o senhor nos deu.

As cartas vão continuar.