ALIENAÇÃO: carta à Tribuna da Imprensa

ALIENAÇÃO (CARTA PARA A TRIBUNA DA IMPRENSA)

No dia 10 de abril de 2001, o jornal “Tribuna da Imprensa”, do Rio de Janeiro, publicou esta minha carta:

" A deterioração moral do nosso país é um fato avassalador e merece séria reflexão. Ateu, o presidente não pensa nas leis de Deus e não se comove com o lamentável espetáculo que se nos apresenta diariamente. Para os nossos governantes, isso deve ser bom. Um povo sem moral, alienado por pagodes e novelas de baixaria, também não adquire cultura, não se conscientiza política e socialmente, e assim prossegue elegendo maus governantes."

Nota: isto foi antes do “Big Brother” e outras imundícies conhecidas pelo título genérico de “shows realistas”. Portanto, a situação só piorou. Discute-se, agora, sobre certo acontecimento que teria ocorrido num recente BBB. Se o sujeito fez, se não fez. Isso para mim é irrelevante; o programa é que não poderia existir. Todos esses shows realistas: Casa dos Artistas, Buzão, A Fazenda, No limite etc. são exercícios de falta de criatividade e exploração do que é baixo e sórdido. Deveríamos, portanto, iniciar uma grande campanha popular para o total expurgo desse câncer em nossa tetelevisão. Vamos entender que o show realista (e até casos de maltratos a animais foram denunciados em vários) se baseia na exploração de cinco vícios ou mazelas, a saber:

1) o ódio: os participantes são jogados uns contra os outros, é uma sucessão de picuinhas, fofocas, disse-me-disses, intrigas, que inclusive podem levar a coisa mais séria dentro ou fora do programa;

2) a luxúria, a lascívia: alguém põe isso em dúvida?

3) a cobiça, a cupidez por dinheiro e pela fama de quinze minutos: valerá a pena expor-se tanto por dinheiro e fama?

4) o exibicionismo: outra vez, preciso demonstrar este ponto?

5) O “voyeurismo” ou mania de espiar: os shows realistas estimulam esta perversão nos espectadores.

É melhor não assistir. O show realista nada ensina, nada edifica. Só destrói a moral de nossa nação e, se vem de fora, não é coisa para imitar. Há programas muito melhores na televisão, como por exemplo o admirável “Expedições”, da Paula Saldanha, na TV Brasil.

(transcrito do Portal Entretextos de 23/1/2012)