A pior solução

Quando eu tinha 10 anos, meu avô faleceu. Ele me convidou para ir ao sítio e eu escolhi não ir, pois teria um jogo de futebol no dia seguinte e queria descansar, todos os outros finais de semana do ano onde ele foi ao sítio, fomos juntos e justo no que eu decidi não ir ele morreu.

A consequência do falecimento dele foi o meu pai que era alcoólatra e usuário de drogas se perder de forma irreversível, sendo internado em um hospital psiquiátrico do qual só saiu para ocupar um lugar ao cemitério. Eu associo uma situação a outra, pois a única pessoa que conseguia de alguma forma aprumá-lo, já não estava mais ali.

A única pessoa que era capaz de entender como eu me sentia quanto ao meu pai era o meu avô, anos depois eu fui capaz de entender isso. Por ter esse entendimento de como eu me sentia e se sentir responsável por me proporcionar isso, já que a minha tristeza era causada pela ausência do filho dele, que ele entendia não ter sabido criar e por isso se sentia responsável pela minha dor, por isso ele era a melhor pessoa do mundo comigo, o Cláudio que eu conheci, jamais alguém conheceu e é por isso que as pessoas não entendem o quanto eu o amo, pois apesar de ser um homem tão difícil, comigo ele era maravilhoso.

A consequência de tudo que foi dito?

Eu me sinto responsável pela morte do meu avô e por consequência tudo que aconteceu com o meu pai.

Como uma criança de 10 anos lida com isso?

Vai pelo caminho mais fácil, pensar em qualquer coisa do mundo, menos naquilo, fingir que isso não aconteceu, reprimi, esconde e dissimula os sentimentos.

Meu pai ficou mais de 10 anos internado, quantas vezes eu o fui visitar?

5 vezes, se tanto. O motivo era fugir dos sentimentos, por ser uma dor grande demais, mas ninguém jamais entendeu isso.

Depois que meu pai morreu, os sentimentos voltaram mais fortes e eu já não consigo mais os reprimir.

Nesse momento, a conta chegou e está querendo cobrar o preço, com juros e correção monetária de quase 17 anos.