Mossoró-RN, 31 de julho de 2017.
 

Exmo. Senhor Governador do Estado, eu, cidadã/trabalhadora,  desejo-lhe  paz e segurança.
 
Escrevo-lhe esta mensagem com o coração na mão e  os olhos avermelhados pelo pranto que não me deixa esquecer a violência que eu e milhares de habitantes do solo potiguar somos submetidos diariamente, voltados para o céu em forma de súplica.
 
 
Acho incrível que o senhor não ouça os gritos, os pedidos de socorro das mães que perdem seus filhos, dos filhos que perdem seus pais, dos homens de bem que perdem seus bens e, muitas vezes, a própria vida. Como o senhor consegue ficar indiferente as queixas lancinantes de milhares de pessoas que são roubadas, assaltadas, assassinadas e/ou tem suas casas arrombadas diariamente? Senhor, esse clamor não é meu. É um clamor da vida que precisa de paz, segurança e justiça social, é o clamor de uma população assustada que implora por segurança.
 
Senhor Governador,  eu suplico: faça  alguma coisa em prol da segurança e da vida de seu povo.  Eu tenho consciência que a violência atingiu um nível insuportável, que não temos como eliminá-la a toque de caixa.  O ciclo da violência está girando rapidamente e a sensação que temos é que não podemos mais pará-la. Mas, com vontade política e investimentos na segurança, podemos diminuir-lhe a velocidade e minimizar os seus efeitos devastadores sobre a população.
 
Não queremos viver reféns do medo, ameaçados por pessoas que já se perderam de si mesmas e quase nada esperam da vida, que matam para conseguir “um troco para sua pedra maldita”, roubam “uma ponta” para alimentar seu vício e, livres pelas ruas, nos obrigam a subir muros, colocar cercas elétricas, comprar cachorro, etc.
 
Senhor governador os carros blindados usados pelo senhor  não o protege. A violência está em toda parte. Coletes a prova de bala não guardam a vida. Segurança. Educação. Isso pode nos salvar. Estamos todos no mesmo barco. A violência que não nos permite caminhar sem medo, ficar na parada do ônibus, ir deixar o filho no colégio muda as características e atinge os que andam de carro, moto, a pé ou bicicleta. A violência já ganhou contornos de guerra.  Salve-nos senhor Governador! Salve seu estado dessa calamidade. Essa causa é de todos nós. O RN é nossa casa comum, nós, os moradores, precisamos preservar nossa integridade e o nosso direito de ir e vir.
 
Lembro ao senhor, assustada e humildemente, que se nada  for feito para mudar essa situação além de testemunharmos todas essas tragédias diárias, já relatadas, corremos o risco de sermos condenados a inteira reclusão.  Essa crise, senhor Governador, é moral, é ética, é de valores, eu sei, mas é, acima de tudo, resultado de políticas públicas desastrosas.  Que Deus o ilumine a encontrar uma solução para nosso amado solo potiguar. Tão manchado de sangue. 
 
Assina uma cidadã que já teve sua casa arrombada seis vezes, já sofreu duas tentativas de assaltos próximo a sua residência; sua nora assaltada a caminha da escola (o bandido ficou com a arma apontada para cabeça de seu filho(meu neto) de quatro anos; uma irmã assaltada duas vezes com arma apontada para cabeça; uma cunhada assaltada na porta de casa; um filho assaltado (levaram sua moto); um irmão teve seu comércio assaltado tantas vezes que preferiu mudar de cidade; duas sobrinhas perseguidas por moleques; outra teve sua moto tomada de assalto e um irmão assassinado. 
 
Isso, senhor Governador, não se configura um (?) caso isolado, mas, infelizmente, é um pequeno relato daquilo que o senhor sabe que acontece em nosso amado RN.
 
Uma pergunta final. O Senhor sabe quanto vale uma vida senhor governador? Eu respondo. Vale mais, muito mais que qualquer quantia que possa ser gasta para garantir nossa segurança.  
 
                                                           Ângela Rodrigues Gurgel.
 
 
Este texto faz parte do Exercício Criativo "Quanto Vale Uma Vida", para conhecer outros textos acesse: http://encantodasletras.50webs.com/quantovaleumavida.htm
 
Peço desculpas aos companheiros, em especial a NENA, por usasr o espaço sagrado de nossos EC para fazer esse desabafo, mas minha casa recebeu visitas indesejadas(sim, de novo) no sábado e no domingo. Não consegui escrever nada para nosso EC, então aproveitei a revolta, misturada ao medo e a impotência para fazer esse desabafo.
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 31/07/2017
Reeditado em 06/09/2018
Código do texto: T6070213
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