Aos terráqueos

Seu mundo é uma peça escrita e encenada por malucos. Abri a janela, o céu liso, havia uma estrela ‘da-me um pouco de tua luz’ pedi. Estou vivo. Converto oxigênio em gás carbônico, possuo dois pés e eles caminham, e as pessoas também tem pés, e olhos, e embora a maioria esqueça, elas também sonham. O mundo lembra um deserto cujo os camelos somos nós, as dunas são os prédios, e as miragens, nossos sonhos. Prédios! Tantos prédios. Suas garagens entupidas com seus carros a pintar o horizonte em manto cinza. E as pessoas, todas elas querem carros. Elas costumam adoecer de tanto inalar os gases desses carros. Os céus cada vez mais cinza, hospitais cada vez mais cheios. Os farmacêuticos mais ricos, a indústria automobilística idem. E as pessoas? Elas precisam de dinheiro pra comprar mais carros e erguer mais prédios e pagar mais remédios e mais prestações de carros. Tudo isso é tão estranho, tão neurótico. Algo natural pra uma sociedade cujo os principais investimentos são voltados a construção de armas nucleares capazes de derreter todo o planeta em questão de segundos bastando um simples apertar de botão. O domínio desse planeta é simplesmente perfeito, servirá de modelo pelos universos à fora ensinando como implantar um sistema de manipulação no qual seus próprios habitantes o alimentam e defendem com todas as forças. Enquanto isso, milhares e milhares de pessoas sem ter onde morar, sem nem tem o que vestir, e muito menos o que comer. A fúria dos homens se alastrando desmedida, as guerras patrocinadas e deliberadamente instigadas apenas pra vender armas no pretexto de defender uma fronteira imaginária de um pedaço de terra que não pertence a ninguém exceto Deus. Tudo isso, toda essa loucura, como sempre passando totalmente em branco, somente omissões, as pessoas andam completamente narcotizadas com as drogas midiáticas que absolvem diariamente através dos capciosos veículos de comunicação, elas não conseguem perceber a existência de uma teia ligando cada ser vivente e que se um protozoário sofre, todos sofrem. Estrelas brilham na esperança de aquecer não somente o firmamento, mas o coração humano.

Cristiano Corrêa
Enviado por Cristiano Corrêa em 27/05/2017
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