Carta a um bebê que não nasceu.

Querida filha,

Já fazem 4 anos desde que fomos separadas da maneira mais dura que existe: a morte.

Não há um só dia 22 que eu não lembre de você, mas parece que tudo o que foi dor, hoje é só uma lembrança ruim de uma época que eu não gostaria de ter vivido.

Aquele dia foi, com certeza, o pior da minha vida. Me senti o ser humano mais miserável, enquanto me recuperava da dor física de te perder.

A cama do hospital era fria e as pessoas de branco se embaralhavam na minha mente embaçada. Lembro com precisão quando ouvi: "Sinto muito pela sua menina". Tudo se concretizou. Eu sabia que você seria uma mocinha, a luz dos meus dias e a boneca da minha vida. Mas a concretização veio da maneira mais dura e negativa: você havia morrido.

Sem eufemismo, essa frase rodeia minha cabeça todos os dias ...

Passaram-se 4 anos.

Nessa idade, você já estaria na escola. Teríamos vivido o seu primeiro dia de aula juntas. Não seria maravilhoso?

Infelizmente não tive a oportunidade de vê-la chorar pela primeira vez, nem de dar os primeiros passos na minha direção.

Não pude ouvir você balbuciando um "mama" e nem te acalentar em meu colo para que você dormisse.

Não arrumaremos seus 15 anos, nem sua formatura. Não te verei chorar em meu ombro a primeira decepção amorosa. Não discutiremos sobre seu horário de chegar. Não serei avó de um filho seu.

Ah, filha ..

Queria te dar todos os beijos que guardei e todos os abraços que sei que não poderei dar. E eu, que deveria ser seu anjo terreno, me descubro e me deslumbro com um dos maiores amores celestes: o amor de filha em forma de anjo.

Ainda nos encontraremos, Meu amor.

Mamãe te ama!

Descanse em paz.

Maria Esther 22.05.2013