do meu amor

Eu me lembro do dia em que te senti pela primeira vez. Do dia em que eu soube que você era minha. Deitados naquele colchão na sala, eu sussurrei em seu ouvido “você foi a melhor coisa que me aconteceu”. Eu pude sentir sua alma sorrir ao ouvir essas palavras. Eu pude sentir teu coração acompanhar o ritmo acelerado do meu. Tua respiração quente na minha pele. E, ali, nós fomos um só.

Você se entregou pra mim intensamente a cada dia que passava. De corpo, alma e coração. Eu sabia que você queria ser minha. Você me amava como se aquele fosse o último dia da sua vida. E o dia seguinte também.

Eu sei que nós fizemos coisas que ofuscaram o nosso brilho. Eu sei que nós agimos da forma errada mais de uma vez um com o outro. Também sei que tudo isso nos fez pensar que nosso amor não valia a pena.

Eu sei que te fiz chorar, mas eu também sofri a dor da sua ausência. Eu nem sei se você acredita em mim, mas sei que você me espera. Sentada na sua cama você ainda planeja um futuro pra nós dois e procura incessantemente uma forma de dar certo. Isso te angustia, eu posso sentir, mesmo de longe.

Mas, olha, eu não tenho certeza se vale a pena me esperar. Enquanto você pensa no futuro, eu vivo meu presente e ninguém sabe ao certo onde isso vai dar.

As bocas que você beija te trazem um gosto amargo apenas por não terem o meu gosto. E não falo isso por vaidade. Digo isso porque os outros lábios que encontro também não têm o mesmo gosto que o seu e isso me mata.

Você sente falta da minha voz. Você me disse que amava a minha voz, mas nunca soube explicar o porquê. Só sabia que te acalmava. E te fazia sorrir. Eu sei que você espera uma ligação. E sei que você se controla pra não me ligar.

Quando eu te liguei no teu aniversário você parecia infeliz. Mas eu sei que não era por causa da ligação. Mas sim porque não era assim que você esperava passar teu aniversário. E eu sei que a ligação te doeu. Porque você sentiu falta. E você chorou depois que eu desliguei. E teve que seguir teu dia como se nada tivesse acontecido.

Eu sinto falta de sentir teu corpo deitado sobre o meu. Quando eu fingia estar dormindo pra sentir teus beijos no meu rosto. Teu carinho com tanta delicadeza. Eu te ouvia sussurrar que me amava e eu podia sentir teu amor invadindo cada pedaço do meu corpo.

Eu sinto falta de te morder. E te beijar. Te fazer cócegas. Te apertar. Sinto falta de te pedir pra deitar do meu lado pra sentir teu rosto enterrado no meu pescoço. De olhar nos teus olhos e saber que você me amava ali, naquele momento, e em todos os outros.

Eu sinto falta da tua risada. Vez ou outra me lembro dela. Sinto falta de te ver feliz do meu lado. Carrego comigo aquela tua foto que eu tanto gosto pra nunca esquecer o teu sorriso. E sei que você carrega aquela nossa foto onde quer que você vá. Sinto falta de todas as palhaçadas que eu fazia só pra te ver sorrir. E só por você eu era capaz de ser tão idiota.

Eu também me lembro de ver você chorar. Daquela vez que tivemos uma enorme briga. Enquanto eu virava as costas arrastando minha bicicleta te ouvindo falar que me amava. Eu pude sentir você chorar. Era como se eu te carregasse nas costas por todo o caminho de volta pra casa. Foi um peso que, talvez, eu ainda não tenha me livrado. Eu senti meu coração doer pela primeira vez quando lembrei de você olhando pro mar. E eu te mandei uma música. E você chorou.

Eu entendo que você tenha raiva de mim em alguns momentos porque eu também senti raiva de você. E eu entendo que você não me compreenda porque eu também não pude te compreender.

Eu sei que você sempre se lembra daquele dia em que estávamos no telefone e você falava comigo tão aflita que não podíamos continuar escondendo, mas que você não sabia como contar pros seus pais. E eu disse que estava disposto a ficar com você. Mas talvez eu não tenha pensado nas reais consequências dessa promessa. Porque eu entendo que você ficou esperando por isso.

Eu fui embora e sei que você sofreu. Eu fui frio e você me odiou por isso. Mas eu não sabia outra forma de afastar você de mim porque mesmo assim você ainda estava lá. Eu quis voltar, mas eu não encontrei uma forma de não te prejudicar.

Você me disse que não se sentiu amada e que sofria. Mas eu sei que você enxerga que eu te amei. Eu só não soube lidar com a quantidade de amor que você me proporcionou e eu nem sabia que era capaz de abrigar algo tão forte no peito.

Eu sei que você não consegue me esquecer, mas, pra falar a verdade, eu não entendo o porquê.

Você acredita que o nosso amor vai durar a vida toda. Eu vejo que em você vai, mas em mim não tenho tanta certeza.

Você acredita que nos encontraremos em outra vida e que nossas almas vão se reconhecer pela energia que transmitimos. Ou que nosso amor já está escrito nas estrelas ou nos planos de Deus ou qualquer força que mova esse universo. Mas eu não acredito em outra vida. E era essa que eu queria viver do seu lado.

Eu tenho medo de te ver. Eu tenho medo que você me veja. Talvez a gente não aguente. Eu sei que você queria me ver quando eu te pedi pra não deixar isso acontecer. E foi por isso que você disse que um de nós dois tinha que ser forte.

Tudo o que a gente sentiu era grande demais para que as pessoas pudessem compreender ou aceitar. E, por tudo o que você já me perdoou, o amor que você sente por mim nem eu sou capaz de compreender.

O sentimento que mora dentro de nós dois é amor. Mesmo nos momentos em que eu te odeio e mesmo quando você tem vontade de me matar.

Porque quando tudo vai embora, quando eu posso finalmente relaxar depois de um dia cansativo é de você que eu lembro. Porque quando você deita a cabeça no travesseiro sou eu que estou lá.

Quando o fim chegou e tudo mais foi embora, a única coisa que sobreviveu foi o amor.

Beatriz Linhares
Enviado por Beatriz Linhares em 24/03/2017
Reeditado em 01/04/2017
Código do texto: T5951099
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