Abrir a porta...

Tive medo de abrir os olhos... respirei fundo e os fui abrindo lentamente, como se quisesse ter uma miragem... mas nem a sombra de você estava no vazio do meu quarto, nada que pudesse aliviar meu coração desta saudade...

Apertei os olhos tentando conter as lágrimas, e querendo sentir apenas um perfume do qual eu não conhecia, pois não lembrava mais o seu cheiro... Fechei tantas vezes a porta deste passado, mas nos momentos mais tristes e sozinhos da minha vida, eu abria uma frestinha e um vulcão de sentimentos invadia a minha alma, depois eu expulsava tudo outra vez e tornava a fechar apertando o trinco sentindo um vazio e uma dor profunda...

Agora você vem e me pede para abrir de mansinho esta porta e deixar você entrar... um frio percorre minha espinha, mas o meu cérebro quer pensar... ele não se joga mais em ilusões sem nenhum sentido, ele precisa raciocinar... e eu não quero mais me deixar conduzir por sonhos ou alguma ilusão de felicidade...

Volta o frio no estômago e as borboletinhas lá dentro estão se agitando... me segurei nas paredes para não cair em queda livre como nas montanhas russas, dei um passo lento, segurei o trinco e abri esta famigerada porta de uma só vez escancarando a inteira e deixando o caminho livre para você entrar... mas uma vez você não entrou... você estacionou bem no meio e ficou indeciso se dava um passo a frente ou recuava... Não havia necessidade de ter começado tudo outra vez, meu coração já estava acostumado a não ter você, a vida estava acontecendo la fora e eu ia vivendo...

Agora que você voltou e parou em frente a porta de entrada do meu coração, espero que entre de mansinho e encontre o espaço que sempre reservei para você, espero que não desista de entrar e se vire indo embora... eu não suportaria tudo outra vez, eu não queria perdê lo de novo...

Regina Luiza
Enviado por Regina Luiza em 01/02/2017
Reeditado em 01/02/2017
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