O Futuro

Após anos e anos de fantasia e ideação, memórias e sonhos, projetos e pensamentos e possibilidades, parece que finalmente este parágrafo chegou ao fim.

Anos e anos de esperança, de justificativas e expectivas, buscando diariamente um motivo para coseguir ver ainda aquilo que já não existia mais, aquilo que almejava apenas os escoios restantes para tentar entender sobre seguir ou ficar, desistir ou tentar.

Anos e anos, tentando e tentando, contra o mundo e a si mesmo, apenas por amor a si mesmo, por amar algo que não compreendia, parece que chegou ao fim.

Foram tantos anos batendo e batendo na mesma moeda que nem sei como é possível imaginar um algo diferente agora, mas sei que algo mudou, tudo mudou na verdade, e não mudou nada. O mundo continua azul, as chuvas caem belamente sustentando as doces árvores e incomodando os atrasados, o sol continua nascendo, o relógio continua contando, nada parou e nada mudou, mas mudou muita coisa principalmente desde aquele momento inesperado, inexplicado em que o talvez meu último fardo de esperança acabou por esvaído.

E realmente agora acabou. Não quero ver, não quero pensar, não quero perdoar, não quero ouvir, não quero falar, nem ao menos comentar ou referenciar qualquer coisa que almeje uma possibilidade de similarizar algo que concerna a qualquer coisa que possibilite a possibilidade de alguma gravura de algo ligado a você. Todo sentimento de amor, de paciência, de desejo, de resiliência, de humildade, de compreensão, de perdão, de resignação, de abstinência, de fraternidade, de vontade, tudo foi. Por agora apenas uma grande negativa.

Não, por favor não, e chega de intervenções, e chega de vai e vêns, chega loops repetitivos sem motivos e sem sentido, que só fazem essa vida inexata muito mais sem sentido. Chega de fortalecer a falta de vontade de viver, chega de buscar respirar mergulhando ao fundo do mar sem nenhum recurso para sair de lá.

Como a criança que sai do útero ao primeiro suspiro, o sufoco acabou de começar, mal sabendo ela que começou a acabar, a vida começou, é uma nova onda, uma nova história, uma nova maré que se escreve a partir de agora. É agora ou nunca, é a última vez, até a próxima última vez.

Mas será uma outra história, serão outros personagens, serão outras vidas, outras dúvidas, outras aflições e principalmente serão outros, muitos outros finais.

Escrevo esta carta para dizer que acabou, o que estava no passado, no passado ficou, siga.

Vá embora, saia daqui, vá para longe, não me deixe nenhum suspiro de você, nenhuma imagem, nenhum cheiro, ou peça de sapato, a minha alma não merece mais nem um único minuto de sua presença desoladora, devastadora, destruídora, perturbadora e não me importa o quão os julgamentos hiperqualifiquem as minhas imperfeições, desde que se faça retirar-lhe daqui.

Você conseguiu o que ninguém jamais havia, retirou-se do meu coração com as duas portas fechadas, tranca, alarme, cachorro e segurança. Vá embora e nunca mais pense em voltar. Não há mais espaço para destruição em um coração que luta todos os dias para aprender a amar.

E quem sabe depois, um dia, eu realmente evolua em amor.

Ib Souza
Enviado por Ib Souza em 28/01/2017
Reeditado em 28/01/2017
Código do texto: T5895599
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