Aprendendo com o tempo

O seu adeus não me assusta mais, soa a Déjá vu.

Você já quebrou meu coração tantas vezes e em tantas partes que tornou impossível remontá-lo sem lacunas, sem cicatrizes.

Acostuma-se com a dor, tanto quanto com o amor, os olhos adaptam-se à escuridão, é preciso conhecer tanto o céu quanto o inferno para saber onde a vida pode nos levar.

Não vou mais ver a vida passar jogado no sofá esperando você voltar, no limbo do mundo que gira do outro lado da porta.

Mais tarde, amanhã ou mesmo semana que vem você vai voltar como se jamais tivesse ido, sentará no mesmo lugar que jamais deixou de ser seu e retomará essa história fragmentada do mesmo ponto que deixou como se estivesse criogenizada, ignorando minhas lágrimas ou mesmo se as verti.

Vai esperar que eu novamente apague o tempo da sua ausência e te receba como o sol salvador que encerra uma noite sem fim, a encarnação do mítico trabalho de resgate, a única salvação.

Talvez já tenha sido assim, ou melhor, foi assim muitas vezes, inúmeras

vezes, mas cada vez faz menos diferença você voltar, cada vez me importa menos, choro menos e até tenho me permitido vislumbrar o mundo, tudo bem que por enquanto só pela janela.

Cada vez dói menos e cicatriza mais rápido, um dia não irá mais me ferir e você não encontrará mais a porta aberta.

Não se importe em jogar a chave por baixo da porta, a fechadura já será outra, simplesmente vá e não olhe para trás pois eu não estarei lá para retribuir seu olhar e talvez isso seja até melhor pois irá te privar de ver a indiferença e a calmaria no lago dos meus olhos que já foram um oceano turbulento de emoções à sua mercê.

Ello
Enviado por Ello em 21/12/2016
Código do texto: T5859669
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