Última carta do tempo

Oi, eu não sei o que está fazendo agora, nem quando se deu conta desta carta, mas espero que seja a hora certa, uma boa hora. Não sei se serão boas recordações, mas espero que seu humor ajude a ver tudo isso de uma boa maneira.

Consegue se recordar dos personagens baianos no filme “World of Warcraft”? Como o mago careca e minhas baboseiras durante a sessão, um tanto pateta da minha parte, mas que nos arrancou bons risos e quase nenhum foco na história do filme que perdemos quase uma hora de sessão pelo seu atraso. Mas que belo atraso se tornou quando me virei naquele dia no terminal, ao ver aquela mocinha de vestido cinza listrado, cabelo escuro avermelhado e batom degrade sutil, gentil, educada e singelamente bela. Aquele jeitinho que me encantava ao falar, ao rir das minhas brincadeiras fora de hora, mas me fazia querer, me fazia palpitar e pegar um brinquedo qualquer na livraria e fazer barulhos só pra chamar um pouco sua atenção. “- O que os casais fazem nos filmes americanos?”.

“- Cuidado amor”

Passávamos por um casal de velhinhos cheios de vigor (considere a idade) quando ouvimos a senhora pedir para o velhinho ter cuidado pra não acabar tropeçando/escorregando, e foi uma das cenas mais lindas que vimos, era tudo tão bonito e mesmo com aquela escalada extremamente cansativa, mas revigorante, precisa. Chegamos em casa muito cansados, mas com a certeza de que aquele foi um dos melhores dias que passamos. Quando a palmilha do meu tênis foi parar na canela sabe-se lá como, e eu achei que fosse um bicho ou algo do tipo subindo em minha perna. Morremos de rir.

Combinamos de ir ao show de Leo Fressato no Teatro da CDL. No dia 13 de Agosto, era um sábado e o show fora marcado para as 19h. Nos atrasamos por um motivo um tanto peculiar, eu diria, mas lá estávamos. O show também acabou atrasando alguns minutos e o Leo acabou fazendo uma piada com o fato de os feirenses chegarem quase uma hora depois do horário marcado para o show, e a piada veio justamente quando entramos no teatro. Sentamos numas poltronas ao fundo e permanecemos ali abraçados e magicados com toda a beleza daquela noite. Como quando a sortuda moça ganhou alguns beijos do Leo frente ao palco após ser poetizada por ele, com uma breve ajuda da plateia no final. Ele não tocou “Não há nada mais lindo”, mas aquele foi o final de show mais lindo. Quando o seguimos cantando “Oração”, e todos o acompanhando com seu compasso, ordenando baixinho, devagarinho, mas sem perder o compasso. Tiramos as piores fotos e a melhor foto que foi tirada de nós nunca achamos, nem sabemos quem foi a moça que a tirou. “– Meu amor, essa é a ultima oração pra salvar seu coração...”. Sr. Joel me deixou em casa, e ainda lembro daquele vestido amarelo (bem bege) e seu cabelo curtinho, pois havia acabado de cortá-lo. Fora talvez nossa fotografia que mais gosto.

Fazer um pudim nunca foi tão simples e tão gostoso. Como quando simplesmente fizemos o pudim mais gostoso que comi na minha vida. Você deixou cair um ovo no chão e acabamos ficando com a conta limitada para o preparo, mas ainda assim foi perfeito. Enquanto nosso pudim assava no forno a banho Maria, preparávamos a página da “Poetisa de Buzu”, ao som de Leo Fressato. E como disse: “O resultado ficou com o gostinho do melhor pudim”.

Apesar de que nunca fizemos nossa Doodle, a boneca favorita pintada na parede do meu quarto com uma mancha amarronzada nada suspeita ao lado e quando nos demos conta do que era aquela mancha... Ainda continua sendo a Doodle, com a “vesguisse” mais engraçada que um personagem poderia ter.

Obrigado por esse amor...

Amorosamente, Ma.

Mael Daltro
Enviado por Mael Daltro em 15/12/2016
Código do texto: T5854079
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