No palco de quem sou
Os holofotes me encaravam com suas luzes fluorescentes assim que as cortinas se abriam...
O único som presente no palco era o da minha respiração ofegante, Hesitei. O medo da plateia se levantar em busca da saída sem ao menos ouvir minha história fez com que eu representasse a mim mesmo na tentativa de encenar o show que eles gostariam de assistir.
Foi perfeito! Os aplausos finais ecoaram pelo teatro, os holofotes voltaram, a platéia queria mais, me cobravam por mais shows que certamente eu faria nos dias seguintes.
No entanto, as cortinas se fecharam, olhei no espelho, retirei a máscara, a maquiagem, os adereços... Não é fácil encarar quem realmente somos, mas me propus a encarar quem eu era e assim estar de pé naquele palco no dia seguinte.
Novamente as cortinas se abriram, os holofotes iluminaram alguém que não estava mais encenando, do palco vi a platéia se levantar e sair, talvez fosse a falta de máscara, de maquiagem, de adereços, de frases feitas... Mas me mantive ali, pela primeira vez transparente, em um show sem encenações e como me encarei no espelho esperei as pessoas encararem o feio e o belo de quem eu era sendo somente eu, enfim livre, feliz e mais forte... Poucos resolveram ficar, mas eram os que realmente valiam a pena!