Pisco pra você

Há quem saiba como provocar. Há quem domine a sutiliza da palavra e a brutalidade da mensagem. Há quem ponha brilho nos meus olhos e me faça querer ficar. A baboseira de que os opostos se atraem é fatídica. Eu sou de exatas, você é de biológicas. Eu voto no agora, você abstém. Eu parto, você ousa pedir que eu volte.

Tenho preferência pelo prático e sincero. Aprendi a aprender e agora compartilho o que sei. Falo pra uma, falo pra duas, falo pra cem. Os desafios de morar sozinho puseram enormes sorrisos nos rostos de todas, mas tenho certeza de uma única feição: a sua. Falo pra cem, falo pra duas, falo só pra você. A apresentação foi boa, mas ao pé do ouvido a história é outra.

Nunca gostei de biologia, e não será agora que começarei a gostar. Odeio entender os processos e esquecer os nomes. Acho irrelevantes as nomenclaturas em latim e a divisão de tudo que existe em grupos. Desculpe-me, mas pedra é pedra, planta é planta e bicho é bicho. Se o resto conta, vou precisar que você me convença. Meus conhecimentos biológicos resumem-se ao DNA e à lindíssima matemática que o circunda. Gravei na memória o nome do conjunto de genes mais bonito que eu já vi - coincidência ou não, é o mesmo que você me disse ao nos apresentarmos.

Sorte a minha ter conhecimento sobre outros dos seus interesses. É provável que matemática, física e programação lhe deem arrepios. Cá entre nós, não são assunto para um bate papo decente. É claro que eu poderia recitar a poesia das primeiras vinte casas de pi ou programar um joguinho que nos põe juntos ao final de cada fase, mas tenha certeza que sou capaz de muito mais. Em prol do convívio social, encaixei algumas humanidades no meu cérebro. Você curte. Eu curto. A gente se diverte com que o vier.

Espero que você tenha adorado me provocar, porque agora invertemos os papéis. Quem domina a palavra sou eu. Minha mensagem será clara quando nos virmos: eu pisco pra você. Finja de morta ou grite “Te pego, em nome da lei!”.