Um Pedido De Socorro

Rocky Bowden, 45 anos e 6 de detenção.

Os guardas marcham nos corredores da prisão, permitindo o choque entre o cassete e as grades enferrujadas, tocando assim uma música de horrores que serve como alarme de “bom dia” para os presidiários. As filas formam-se sobre a mira de uma metralhadora, as correntes nos tornozelos são lentamente arrastadas pelos pés brutos e cansados; as mesas são ocupadas, não se ouve uma palavra, o silêncio é o segredo do dia, o que chamam de café aqui, afirmo ser lavagem. Ao final a fila retorna na mesma observação, contudo em passos mais longos, o desconforto me faz tropeçar e cair, o guarda aproxima-se e puxa-me para fora daquela linha (o castigo já é esperado), apanho impiedosamente até sangrar.

Me nome é Rocky Bowden e hoje o sofrimento nessa cela me faz pedir perdão pelo sangue que derramai, sei que antes de cumprir minha pena morrerei, já não sinto mais nada e entendo que arrependimento agora é leite derramado, mas arrependo-me e tenho vergonha do que me tornei, um detento que não merece um leitor para essas palavras sem valor, vejo que morro a cada segundo. Não sei quem irá receber esta carta, mas não faça o que fiz, pois aqui é a sepultura dos vivos rejeito até pela morte.

Teresina, 15.09.15

Marta Santana
Enviado por Marta Santana em 16/09/2015
Reeditado em 22/03/2024
Código do texto: T5384124
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