Carta ao meu amor (I)

Quando te conheci, foi como se uma semente caísse em um terreno árido. A semente era o Amor, o terreno, meu coração. Nada era mais triste que minha alma, até então condenada a sentir-se solitária... Tão triste e árida quem nem mesmo lágrimas me caiam dos olhos... Mas eis que então o teu olhar... O teu olhar mudou tudo! Minha alma se emocionou e chorou ao se dar conta de que seria quase impossível que você gostasse de mim... E chorando fez germinar aquela sementinha chamada Amor, que regada por lágrimas de emoção e aquecida pelo sol do teu olhar foi criando raízes... E foi crescendo, tornando-se árvore frondosa de raízes profundas... Sim, o amor cresceu em meu coração como uma árvore, alimentado pela esperança, pela alegria, pela paz que eu sentia ao estar perto de você. O nosso primeiro beijo foi o florescer desta linda árvore, foi o desabrochar de tudo que é belo e bom... Defeitos? Eu tenho e certamente você os tem, mas quem se importa? Momentos ruins, problemas? Acontecem. Mas o amor superaria esses obstáculos e encontraria o equilíbrio. Durante dois meses e sete dias eu vi essa árvore de amor florescer e frutificar em carinhos, sorrisos, momentos felizes...

Foi então que, em uma triste tarde de verão, olhos nos olhos e mãos dadas você decidiu me deixar... Foram tantas lágrimas... Dor... Foi como se uma tempestade arrancasse do solo aquela árvore cheia de flores... Mas... O solo era meu coração! E assim meu coração ficou sangrando... Um riacho de sangue que faz da minha alma um pântano. Não há mais flores ou frutos. A árvore ainda resiste, tombada, machucada, presa ao solo apenas por uma raiz profunda... e a dor? A dor não passa... Ela sufoca, tira o ar... Meus olhos outrora brilhantes de alegria, trazem agora o brilho febril de uma tristeza permanente... As lágrimas correm e minhas mãos trêmulas traçam sobre as folhas de papel mil palavras sem sentido... E a cada amanhecer eu olho para fora e peço: Universo, devolva-me a alegria, traga o meu amor de volta para os meus braços... A resposta é o canto triste dos pássaros... E o tempo que vai passando sem sentido... A esperança quase morta a se debater dentro de mim... Meu coração, outrora árido deserto, agora pantanoso, afogado em seu próprio sangue... Aquela sensação de ter uma faca transpassada no peito... E a única companhia que me é possível é a do papel e da caneta... Letras escritas com o sangue que jorra do meu peito narram lembranças felizes... Desenham na alma cada momento bom, tatuam para todo o sempre a felicidade verdadeira de vê-lo sorrir...

Bob Regina
Enviado por Bob Regina em 19/03/2014
Código do texto: T4735175
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