carta de um assassino interceptada pela interpol
Então, prometi escrever pra você quando tivesse terminado a sessão com o corpo daquela moça, da qual enamorado, quase me impediu de matá-la. Sem morte não haveria transição para a vida possível. Aqui vai com pouca tinta os passos dados naquela noite. O resultado você recebe depois que fizer o deposito na minha conta.
Não houve resistência, nenhuma tentativa de preservação da própria vida quando inalou o éter derramado no lenço. Não uso ópio porque a mente continua em funcionamento depois que os órgãos vitais param, o contrário que o senso comum acredita, minha arte não é paralítica. Sobretudo não houve deformação nas linhas de expressão, ela mantém o frescor da açucena e o rubor adolescente virgem.
O auxiliar que você contratou, o tal professor de piano francês, entregou-a imediatamente depois de tê-la dopado e a primeira incisão pôs a mostra o coração que batia lento, dois minutos foi o tempo necessário para que meus batimentos ficassem no mesmo ritmo. Só então tirei-lhe a vida.
Dispostos os órgãos como o combinado registrei em película
Preto e branco cada nervo e ligamento. Depois de limpo o intestino esperava o registro entre garrafas daquela safra de 1870, natureza morta impressionante.
A sutura impecável não dará oportunidade para a vista. Pronta, a beleza espera ser revelada.