Largando Mão

Quando a incapacidade de manifestar apreço desaparece.

Quando os menores gestos e as menores dúvidas propulsionam pequenos e pungentes acessos de raiva.

Quando os planos de harmonia futura tornam-se planejamento de como se ver livre deles para sempre.

É quando isso acontece que a coisa acaba, que a argamassa perde a cola, a liga; que a instituição desmorona, cai, desaba; só resta o pó da amargura, do desgosto e da sensação perene da perda de tempo a ser varrido.

Desgaste: é por isto que as relações sucumbem: por estarem demasiadamente desgastadas.

E não adianta segurar com as pontas das unhas o último liame que possa nos prender. Uma hora ele arrebentará e, como é você quem está fazendo força, é você quem cairá, se machucando... E, lambendo as feridas, dirá que a culpa pelo fim foi minha. E é por isso que temos que aproveitar agora, que ainda temos decência e um mínimo de respeito um pelo outro e largarmos mão de nós.

Aliás, eu já larguei... É por isso que te deixo.

25/07/2013

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 25/07/2013
Reeditado em 25/07/2013
Código do texto: T4404267
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