Penélope ou Pepe, como queiram.

Toda vez, que assisto o filme, “Sempre ao seu lado” com Richard Gere, fico anestesiada, com doces lembranças e sei exatamente o que o filme em si quer representar.

Hoje quero aqui, com algumas palavras falar e contar uma historinha da vida real.

Uma tarde qualquer de Maio do ano de 2006.

Depois da correria do dia a dia, precisava ir até o mercado e assim o fiz, mas no meio do caminho algo me fez parar o carro naquele Pet, detesto ver animais engaiolados e de longe havia notado um cachorrinho do tamanho da palma de minha mão, parei o carro e fui até ele, que na verdade era ela (risos) estava sozinha, tristonha, pois os irmãos já haviam ido embora. Mais que depressa o dono do lugar, pegou aquela coisinha pequena e me deu no colo. Realmente foi amor a primeira vista, mas meu marido havia me proibido a ter qualquer animal dentro do apartamento, morava em casa antes e sempre tive meus amigos caninos, felinos e meu marido na verdade estava com medo que transformasse o apartamento em uma arca de Noé. Voltemos, meu marido estava fora do Brasil a trabalho, então, sem pensar muito pequei aquela pequenina e levei para casa.

Quando chegamos em casa, ela ficou quietinha, meus filhos foram chegando e vendo aquilo pequenino no cantinho da sala e riam muito pensando no pai, mas diga-se de passagem, também se apaixonaram.

Chegou o grande dia da chegada de meu marido, estava com medo que ele a mandasse embora e fiquei quietinha. Fui buscá-lo no aeroporto e nada de falar algo sobre ela. Chegamos em casa e como sempre, quando ele chegava de muitos dias fora, brincava com os filhos, ficava agitado contando mil peripécias e foi quando ele se sentou no sofá e nem notou o canto da sala. Derrepente algo se move, minúscula e vem andando até ele e sobe no pé dele e brinca. Naquele momento eu e meus filhos ficamos sérios e ele fala:

- O que é isto? Não, não, não

Ele pegou aquela coisinha na palma da mão, olhou, olhou e soltou a bela frase.

- Rosângela, estou esperando as explicações.

Na verdade não havia pensado no que dizer e somente disse naquele momento que era amor a primeira vista, que ela precisava de mim e eu dela, ele riu e falou que não iria se apegar pois já havia sofrido muito com a partida da cachorra dele a Dolly.

Pois é gente, mas ele se apaixonou, ela o escolheu como dono, esperava todos os dias ele na porta do apartamento se equilibrando nas duas patas traseiras, fazia festa, conhecia o som do carro dele de longe, a som da voz dele, quando ele viajava, ela ficava esperando todos os dias na porta ansiosa, quando ele chegava já ia correndo pegar a bolinha para brincar, adorava tirar cochilos no sofá com ele, afinal era apaixonada por ele.

Quando ele partiu de encontro a Deus, meus filhos e ela ficaram abatidos, deprimidos e eu não sabia o que fazer. Ela parou de comer, de beber água e ficava todos os dias esperando, foi quando falei para minha filha, olha como ela esta triste, ajuda ela comer, ela esta morrendo por amor e assim minha filha mais velha fez, começou a dar atenção a ela.

Observando tudo isto, também fiquei deprimida e me isolei em meu quarto, afinal também sou humana. Fiquei mal naqueles dias, mas, em uma tarde quando menos esperei, ela pulou na cama e me trouxe a bolinha “dela e do Claudio” e me chamou para brincar, ficou me olhando e me dando atenção, então notei o que ela queria, na verdade com todo carinho ela tentava me dizer, eu também estou com saudades, queria que ele voltasse mas resolvi enfrentar tudo e viver, por ele e vocês. Ela me ajudou muito e esta comigo nesta caminhada, noto que tem dias que ainda ela espera alguém, hoje moramos em uma casa, mas mesmo assim sempre no mesmo horário ela espera como o cachorro do filme, desiste e volta a rotina de nossas vidas.

Sei que ela sempre vai esperar e um dia eles vão se encontrar, mas por enquanto ela cuida de nós.

Existem muitas historias assim pelo mundo, mas hoje contei de minha grande amiga Penélope ou Pepe como ele a chamava, sei que ela sente falta dos carinhos, das guloseimas, mas sei também que ela não desistiu por amor.

Como queria, que os seres humanos fossem assim,

Rosa dos Anjos

Rosa dos Anjos
Enviado por Rosa dos Anjos em 25/06/2013
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