Conselhos de Pai

Embasbacado, meio tolo, sempre orgulhoso dos filhos, querendo permanecer presente, sempre feliz por estar próximo, muito feliz. Este é o meu papel. Eu sou um Pai.

Ah, esse tempo traiçoeiro. O tempo nos prega algumas peças, quando nos entregamos ao cotidiano. É que o deixamos simplesmente passar, sem perceber. Ainda lembro de um amanhecer especial. Exatamente, 5 anos após ter conhecido sua mãe, o meu primeiro filho vinha ao mundo. Era uma menina. Chorosa, é bem verdade. Minha filha! Poderia ter recebido o nome de sua hexavó, Micaela. Mas, tornou-se Tatiana. Um lindo nome.

Os pais se esforçam para ajudar seus filhos em suas escolhas, evitar que se exponham ao perigo desnecessário, colocar limites, e brincar, acariciar, abraçar, perguntar (insistentemente) se eles os amam.

Por falar nisso: "Você me ama, minha filha?"

Os pais chamam os filhos de meninos, independentemente da idade que tenham. Nem sei se querem que eles cresçam. Mas, eles crescem, desenvolvem seus próprios conceitos sobre o mundo, até acham que já sabem o necessário, ou tudo.

Paciente, sou um daqueles pais que preferem ser chamados. Preferem não forçar, nem interferir. Então, costumo esperar por uma solicitação, uma pergunta da minha filha preferida. Uma perguntinha só. Porém, a espera é sempre frustrante.

Quero dizer-lhe tanta coisa. Certamente, conversaríamos horas e horas, a fio. Sei que, em algumas oportunidades, será muito legal conversar dessa forma. Porque aprendi a valorizar as conversas que tinha com o meu pai, seu avô. Ela deve imaginar como eu tenho saudade. Às vezes, até sonho tocando aqueles cabelos brancos, acariciando a sua cabeça, ouvindo sua voz. Eu pedia para meu pai me contar histórias de vida, sempre. Sempre. Mesmo que repetisse alguns causos, ele interpretava com tanto entusiasmo, que eu ficava empolgado. Não tinha jeito. Não me importava se a história já era conhecida, repetida, se não havia surpresas no desfecho. Eu me encantava, assim mesmo.

Acostumado a ouvi-lo, eu já imaginava, um dia, também poder imitá-lo, desfrutando do tempo para somente conversar com os meus próprios filhos.

Porém, os momentos não surgem, as indagações não vêm.

Preciso, então, provocar, tentar adivinhar que resposta atenderia àquela pergunta que não foi realizada, aquela que consideraria importante. Por isso é que acabo pagando um mico atrás do outro. Que sintonia mais difícil. Mesmo que o "clima não tenha pintado", que as dúvidas, os pedidos não tenham chegado, eu já resolvi: não vou me reprimir. Reponderei algumas das “melhores perguntas” que um pai gostaria de receber, no dia da colação de grau, pela conclusão do ensino médio. Eis a minha mais amorosa forma de aconselhar.

Minha Filha,

Nunca perca o medo. Esta será a sua proteção contra situações que desconhece ou que lhe exigem atenção especial, prudência.

Nunca ache que já aprendeu o suficiente. Não desperdice uma oportunidade de conversar com alguém que pense exatamente o contrário das suas convicções.

Abra os olhos e enxergue o seu mundo. Comunique-se com as pessoas que compartilham os seus territórios, independentemente da idade. Perceba, especialmente, os idosos e as crianças.

Não se preocupe tanto com o tempo. Você não precisa tomar decisões para resolver a vida, seu destino, somente porque está chegando às portas da universidade. Há muito tempo pela frente. Faça suas tentativas, explore suas escolhas, mas tenha a convicção de que poderá voltar e refazer, ainda melhor, por outro caminho.

Não se arremesse ao mercado de trabalho tão cedo. Quanto mais cedo começar a trabalhar, menor será a sua renda, maior será o caminho a percorrer. Ao iniciar uma atividade profissional, prefira aquelas que sejam aderentes aos seus planos, acrescentem experiência e bagagem curricular.

Seja honesta, procure sempre a forma legal, correta, de agir, seja ética, tenha respeito pelas pessoas. Analise sempre os problemas pelo lado inverso do seu posicionamento, para melhor entender as discordâncias.

Tenha a certeza de que cada vitória, na sua vida, será proporcional ao seu esforço. Então, empenhe-se! Escolha alguns bons objetivos, e corra atrás deles, do seu jeito, no seu ritmo, à sua maneira. Dedique-se aos seus projetos.

Seja bondosa, por favor. Faça o bem, sempre. Tenha amigos verdadeiros e conserve-os como suas maiores conquistas.

Beijo, querida. Parabéns! Feliz idade, felicidade, nos seus 18 aninhos. Eu sempre terei orgulho de você.

Aluísio Azevedo Júnior
Enviado por Aluísio Azevedo Júnior em 02/02/2013
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