Reencontro

Quatro irmãos, infâncias perdidas pelo peso de tão cedo carregar responsabilidades que deveriam ter sido divididas com o pai. Uma mãe que tentava dar o melhor de si, para que os filhos não trocassem o caminho por um atalho.

Envelhecemos e não esquecemos as asperezas marcadas pela dura infância, mas que hoje nenhum sentido faz.

Envelhecemos, desconhecendo irmãos, por achar que todos são culpados pela vida difícil, mas na verdade são vítimas iguais.

Envelhecemos, carregando tanto rancor no peito pelo irmão, impedindo de a vida seguir adiante.

Envelhecemos, achando que o pior inimigo é nosso irmão, tirando a confiança da própria sombra.

Envelhecemos, culpando nosso irmão, pelo saldo bancário, suficiente para viver, mas achando que deveria ser maior.

Envelhecemos, duelando com nosso irmão, sem mesmo saber por quê.

Envelhecemos, desejando mais riqueza que nosso irmão, mesmo sabendo que ela só vale por hoje, e que amanhã de nada valerá, senão para herdeiros se matarem.

Envelhecemos, sem dar trégua a fofocas e intrigas contra o irmão, quando se deveria buscar o diálogo e o respeito.

Envelhecemos, na contínua sustentação do deboche contra os irmãos, esquecendo de viver a própria vida.

Envelhecemos, sem nunca ter prestado atenção nos irmãos, por considerá-los desonestos, mas acreditando nos ruídos de discórdia gritando dos pulmões alheios.

Envelhecemos, esquecendo de apreciar o vôo dos passarinhos e as cores da primavera, enquanto alimentava um rancor sem medida pelo irmão.

Envelhecemos, sem nunca ter nos alegrado com o sucesso do irmão.

Toda alma precisa de um sossegado lugar para repousar em paz, e somente com um coração tranquilo, isto será possível