Quando não é uma coisa...

...É outra!

Sabe de uma coisa que eu sinto saudades? De jogar videogame. De poder deitar no escuro, ouvir música e ficar pensando na morte da bezerrinha até pegar no sono ou ficar com dor nas costas de tanto ficar deitado. De poder andar pra lá e pra cá sem camiseta, de beber minha cervejinha quando o dia tiver sido pior do que o habitual; de decidir ir dormir cedo sem que isso me custe proferir uma centena de palavrões em pensamento e reprimir, bem, o de sempre; aquela vontadezinha dar as chineladas que faltaram e estão faltando na vida e no rabo dessa rapaziadinha bacana e feliz.

Mas parece que o motivo de desgosto da vez é outro: abrir a porta da minha casinha e me deparar com um casalzinho enroscado no sofá, se pegando, trocando altos beijos de barulho estridente. Huuuuum, que delícia! Eu sinto falta do tempo que eu fazia isso com a... Ah, não, espera: eu nunca fiquei de mimimi na sala por respeito às demais pessoas da casa. Porque, né, ninguém merece ficar ouvindo barulho de beijo... Vendo ceninha que até na novela causa constrangimento, quando uma família está reunida na frente da TV e começa a passar bolinação. E acho que, pior: ninguém merece ver uma lambeção dos infernos de DOIS AGREGADOS, QUE NEM NA PORRA DO LUGAR QUE ESTÃO SE PEGANDO MORAM.

DE SEGUNDA A SEXTA.

TODA PORRA DE SANTO DIA A MESMA MERDA.

E nada, nada, nada, nada muda. Nada muda. Nada muda nada. Olhar feio não resolve. Falar não resolve. Expressar todo o meu desagrado a cada respiração próxima dessa corja de folgados não resolve.

Presumo que mandar esse e-mail também não resolverá porríssima nenhuma - mas já é alguma coisa, não é?

"O que os olhos não vêem o coração não sente" - E que sentirá um coração ao ler um português tão bem escrito, com pensamentos tão bem concatenados de alguém que passou 10 horas do dia com a cara enfiada em planilhas?

Eu só sei que tudo o que eu vejo faz o meu coração ficar cada vez mais malsinado, frio, chateado e embrutecido... Vida inútil.

15/08/2012

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 15/08/2012
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