Medo

Medo. Uma onda de medo e desespero inunda o meu ser. Sufoca-me. Ata-me. Afoga-me. Sinto um frio gélido mesclado junto de uma baforada quente que me embriaga no meio da solidão, da depressão.

Oh Senhor, clamo a ti. Venha em meu auxílio. Não me abandone. Eu só tenho ao Senhor. Não quero me sentir só no meio da multidão novamente.

Sinto medo deste ano que se iniciará, pois, nunca antes, perante toda a minha existência tive eu a companhia fiel e sincera de amigos e da felicidade.

Tenho medo do nada, do vazio, do como o meu coração comportar-se-á. Além do medo de como minha Alma sentirá novamente, após um ano – ano este que se estendeu como Eras e Eras de paz, felicidade, prosperidade, harmonia, alegria e amor – a emboscada fria e cruel novamente do certeiro Destino.

Eu sofro, sofro, sofro, sofro muito e morro. Desde já. Ocorreu que desceram Anjos do Alto Céu Maior para me guiarem e me auxiliarem por um período; estes Anjos mostraram-me os caminhos corretos a serem seguidos, além de me encherem de conselhos de ternura, meiguice, sapiência e amor.

Mostraram-me os verdadeiros significados das palavras: Amor e Amar.

Mas a Terra não é lugar de Anjos e ocorre então que eles voltarão a seguir próprios caminhos, sendo Anjos e outras pessoas que também necessitam deles.

E assim, eu fico aqui.

Já me sinto fraco, sem forças para viver.

É irônico, eu nunca quis viver, ansiei pela Morte mais do que tudo em minha vida e, neste ano que se finda, houve uma transformação íntima em mim. Aprendi a amar a Vida e a aspirá-La em cada fibra do meu Ser. Não por mim, mas sim pelas pessoas a quem tanto amo e pelas quais eu daria minhas vidas porvindouras que se transformaram em algo sagrado para mim.

Não digo eu, perante este momento iminente em que se aproxima a grande hora da separação, o grande giro da Roda da Vida, que voltarei a desejar a morrer e tentar me matar; já que um segundo de felicidade ao lado deles compensa toda a desgraça sofrida em metade da eternidade, logo que a outra metade se transmutaria em rios de bênçãos e bálsamo renovador devido a este segundo provindo do Coração da Alma do Verdadeiro Amor Supremo de Deus. No entanto, infelizmente, sou uma reles criatura, e não sei se saberia aproveitar da dádiva, do presente recebido para a eternidade.

Penso que, novamente, eu possa ver-me envolvido na teia escabrosa do Mal que se engendra e perpetua em nossas vidas. Este Mal que, durante tantos anos, meses, semanas, dias, horas, minutos, segundos, dominou-me, como a um fantoche.

Em decorrência disto, sabe exatamente como me atingir, conhece-me perfeitamente bem, a cada ponto fraco meu; e, desta maneira, sabe também como armar para mim a armadilha mais conveniente, vindo a tornar-se quase perfeita.

Rogo proteção aos Céus, perdão por ser quem fui e sou. E, bênçãos para estes Anjos. Que meu amor egoísta e possessivo, não os impeça de serem felizes, mesmo longe de mim; mesmo me roubando a Vida e tudo de bom e belo que havia nela; mesmo que, matando-me aos poucos e dilacerando-me Coração e Alma; ainda assim, peço eu por eles; e, não mais, diante de agora e da eternidade, por mim.

Ass: Minh’Alma.

_____/_____/_2003

Frida Pascio Monteiro
Enviado por Frida Pascio Monteiro em 02/02/2012
Reeditado em 07/01/2015
Código do texto: T3476418
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