Ao caro sentimento de vazio

Sabia que chegaria a isso um dia.

Não doeu, não chorei, não me decepcionei....acordei. Cheguei ao encontro que já estava marcado.O encontro com o estado de vazio.

Não estou em desespero, sei que não preciso lidar com o que perdi pois nem se quer ganhei ou encontrei. Me apeguei ao que não tinha pelo prazer de sonhar com uma verdade que nunca existiria.

Me transportou para um estado de engano do qual eu mesmo me conduzi pela mão.

Vejo que esse encontro não é definitivamente vazio ou sem sentido, mesmo que negativo. Sei que posso me alimentar dos frutos que me façam amadurecer nesse estado ressentido, onde alguns começam a apodrecer e cair.

Assim, meu caro sentimento de vazio me ensina a lidar com o que ficou de mim e o que se perdeu pelo caminho.

Peço que sempre morde e assopre.

Selemos nesse encontro em um acordo: Não me faça afogar em um mar de lágrimas e nem me deixe me perder no labirinto do meu intenso orgulho e, por vezes, amor próprio.

Mas me ensine que as coisas vão e vem, e que nem tudo se tem. Chegue com serenidade apesar de a vida não ser uma trilha coberta por flores e campos verdejantes e estar mais para uma estrada esburacada contorcendo-se em meio a grande barulho e perigosas curvas.

Ao invés de me prender ao que vejo indo, venha e me traga liberdade.

A liberdade de criança que amam puramente, sem egoísmo mas com um olhar esperançoso sobre o amanhã.

Me faça prezar por aqueles que realmente eu tenho do meu lado e principalmente por mim mesmo.

Enfim, prezado sentimento de vazio, seja mais que nobre, não humano, mas divino.

Eduardo Magalhães
Enviado por Eduardo Magalhães em 05/01/2012
Reeditado em 05/01/2012
Código do texto: T3424012