Para chegar ao coração

Você não me conhece. Mas eu estou sentado perto de você, todas as manhãs. No ponto de ônibus e todas as vezes em seu terminal. Uma quadra de distancia.

As tardes, no meio da semana, te vejo no metrô.

Você parece cansada. Ajudaria me ouvir dizer:

- "Não se preocupe, o fim de semana está logo aí"?

Sinto que nos fins de semana todos tentam reconstruir as partes perdidas durante a semana.

Fins de semana em busca de excitação e de um pouco de ar fresco.

Ficamos tentando esquecer quem seremos quanto o despertador tocar, junto ao sol, na segunda de manhã.

Assim te vejo. Ou percebo. No fim da noite de sexta. Esperançosa pelo Sábado.

Penso por mim o que vejo em você e me esforço para não dizer:

- Lembre-se, enquanto você se esforça durante o dia

o alívio te aguarda sexta-feira, que não está tão longe

E as vezes:

- Ei chegou!

Te faz bem.

Te acompanho em cada manhã e te encontro no fim de cada dia acompanhando-a a sua casa com os olhos. Sei que não sabes. Mas se sabes deixe seus olhos encontrar com os meus e te aliviar... Sossegar.

Olhos este que brilham a procura de paz. Não se surpreenda, você já a tem.

Estamos tão longe, mas ainda assim tão perto.

As luzes se acendem, o dia corre. Mas você não me vê, aqui de pé.

Mas continue, mesmo abatida ou cansada, a seguir as linhas do coração em suas mãos.

Assim eu o faço.

Sei que podes.

No fim, quem sabe, nossos caminhos se cruzem.

Eduardo Magalhães
Enviado por Eduardo Magalhães em 16/12/2011
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