Para chegar ao coração
Você não me conhece. Mas eu estou sentado perto de você, todas as manhãs. No ponto de ônibus e todas as vezes em seu terminal. Uma quadra de distancia.
As tardes, no meio da semana, te vejo no metrô.
Você parece cansada. Ajudaria me ouvir dizer:
- "Não se preocupe, o fim de semana está logo aí"?
Sinto que nos fins de semana todos tentam reconstruir as partes perdidas durante a semana.
Fins de semana em busca de excitação e de um pouco de ar fresco.
Ficamos tentando esquecer quem seremos quanto o despertador tocar, junto ao sol, na segunda de manhã.
Assim te vejo. Ou percebo. No fim da noite de sexta. Esperançosa pelo Sábado.
Penso por mim o que vejo em você e me esforço para não dizer:
- Lembre-se, enquanto você se esforça durante o dia
o alívio te aguarda sexta-feira, que não está tão longe
E as vezes:
- Ei chegou!
Te faz bem.
Te acompanho em cada manhã e te encontro no fim de cada dia acompanhando-a a sua casa com os olhos. Sei que não sabes. Mas se sabes deixe seus olhos encontrar com os meus e te aliviar... Sossegar.
Olhos este que brilham a procura de paz. Não se surpreenda, você já a tem.
Estamos tão longe, mas ainda assim tão perto.
As luzes se acendem, o dia corre. Mas você não me vê, aqui de pé.
Mas continue, mesmo abatida ou cansada, a seguir as linhas do coração em suas mãos.
Assim eu o faço.
Sei que podes.
No fim, quem sabe, nossos caminhos se cruzem.