Uma sincera tentativa

As coisas que acontecem na vida são engraçadas e curiosas ás vezes. Em todo tempo que tenho tentado como simples aprendiz, compreender a necessidade das pessoas, percebo que mesmo aquelas que já não encontram esperança para questões cruciais, ou que definitivamente não vêm sentido algum pra nada óbvio que nos cerca, querem tentar a felicidade de algum modo, por mais que nunca venham a afirmar isto de forma veemente.

Talvez por já ter passado por isso, ou ter me sentido assim em diversos momentos, vejo quase diariamente essa vertiginosa busca pela felicidade, a cobrança impetuosa por um punhado de felicidade que afaste desse estado de inquietude e solidão quase permanente. Formas de tentativas que expressam apenas a urgência e o imediatismo em alcançá-la estando presa as satisfações e prazeres ligeiros. Felicidade plasmada de adrenalina, que precisa de estímulos constantes pra manter o corpo e a mente “sãos” distante de qualquer perigo que assole e a coloque em risco.

Essa felicidade que é imperativo dos sonhos, que existem unicamente pra que a realidade seja alterada por uma possibilidade, de que uns desses sonhos peguem o caminho correto, e de uma forma ou de outra venham a dar certo. É de risco que se fazem os ideais mais audaciosos, e o que precisamos pra sermos felizes deveria ser procurado diante do medo, da impossibilidade, da loucura e da fragilidade, por que a felicidade não é como a programação da TV, que se deixa servir, e se serve de quem bem quer.

Sei bem o que é a sensação de querer fazer as coisas e ver o tempo passar sem esperar ninguém. Sei que a juventude de muitos é levada cedo sem a oportunidade de “aproveitar mais um pouco”. Sei que existem pessoas que se uniram por amar, mas o tempo foi inclemente e levou a beleza de um sentimento vivido semeando incertezas sem fim. Sei que nesse momento alguns se deitam e imaginam alguém que ama a ponto de pensarem em silêncio; que fariam de tudo por esse sentimento, ir do céu ao inferno, do medo a coragem, da dúvida à certeza e essa conduzindo a suposição!

Também sei que muitos outros, sofreram por um sentimento entregue lentamente, e este ter sido consumido numa expectativa que nunca se tornou real. E que agora mesmo, pensam em abandonar a vida a própria sorte, pensam em partir de onde estão pra outros cantos, viver em outras paragens e estações, mas ainda sim o fantasma da decepção, não revoga a dor que está sobre si; além de outros que pensam em partir dessa vida pra algo “melhor” sem saber ao certo o que pode ser pior!

Sei que existem outros que tentam chamar a atenção, tentam ser ouvidos, não para ser o centro das atenções, mas por que o coração está sendo dinamitado dia após dia, pelo descaso, e pela brutalidade que a indiferença gera. E a voz deles é o equilíbrio que nós “repletos” da nossa felicidade exclusiva, precisamos ter pra tentar atenuar nossa insanidade e egoísmo.

Sei que alguns se encontram com o coração transtornado por ter perdido alguém, um familiar, alguém de inestimável valor, que jamais vai voltar, a esses peço a Deus que conforte com seus infinitos cuidados, mesmo sabendo que haverá aqueles que hão de preferir estar sozinhos, sem Deus, sem palavras, cuidados e ninguém, mas ainda assim meu pensamento estará nesses.

Mesmo com tudo isso, é possível encontrar e ser reconhecido nessa “abstrata” felicidade.

Nem tudo nesta vida é poesia, por isso decidi parar uns segundos e refletir, no que está ao meu redor, e me torno cego para não ver. Vicissitudes desta vida, que não rimam com nada, a não ser com nossa próxima tentativa depois de respirar... Ser feliz!

Com carinho à todos,

Márcio Diniz

31 de março de 2011.

Márcio Diniz
Enviado por Márcio Diniz em 31/03/2011
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