Atravesse a rebentação e chegue até onde eu estou.

Meu Anjo...

Esta noite sonhei que o mar nos separava, e que a distância era a imensidão. Acordei e percebi que o sonho era real.

A distância que você criou entre nós é imensa, um mar aberto cheio de incertezas e ondas enormes que nos desequilibram.

Eu iria até você, mas não sei nadar, e você não me ouve chamar... “Estou aqui!” Então o que me resta?

Esperar a ressaca passar e a violência do mar abrandar, sentir saudades e viajar entre um sonho bom e outro, desejar que você ainda me queira um dia e que as flores que jogou pra Iemanjá me levem até você.

Assim, me sentindo sozinha, continuo no porto a espera de uma embarcação segura, buscando calma no meio do caos, pegando conchinhas pra colocar no aquário que se tornou a minha vida.

E o aquário sempre me surpreende... Um dia está meio cheio, em outro meio vazio...

Há dias que preciso recolher as conchinhas uma a uma, como cacos caídos de mim, em outros o aquário transborda felicidade.

Não posso mais suportar o vai e vem das ondas, quando elas se vão levam uma parte de mim e quando voltam procuro você e não encontro.

Me resgate, ou me deixe morrer afogada, mas não me torture mais... Prefiro sofrer de uma vez e te deixar no meu passado pra sempre, a ser dilacerada aos poucos pela dor de não ter você no presente

Isabel Cristina Oller
Enviado por Isabel Cristina Oller em 08/12/2010
Reeditado em 23/12/2010
Código do texto: T2661143
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.