DESABAFO - A verdade por trás do perdão

O ser humano é um ser egoista mesmo. Todos nós sempre fazemos algo primeiro pensando em si próprio, nos seus valores, no que achamos que vai nos fazer bem, ou aquilo que achamos que vai dar certo para nós.

Eu, como qualquer outra pessoa, sou cheia de defeitos e qualidades, e duas em especial, me fazer particularmente diferente dos outros. Sou extremamente complacente e intensa. Duas características que a principio não tem nada a ver, mas que últimamente se mostraram tão presentes na minha vida.

Não sei ser amiga pela metade. Não sei ter relacionamentos informais longos. Não sei trabalhar num lugar onde não estou feliz. Não sei nem conversar com uma pessoa com quem não tenho afinidade - ou obrigação.

Sempre me entrego 100%, me comprometo com o que estou fazendo ou com a pessoa que estou. Se sou amiga, pode ter certeza que é para todas as batalhas e que tem minha integral confiança. Não sou colega, e não gosto quando me tratam como uma. As pessoas que eu realmente gosto, se tornam uma parte de mim.

No entanto, também não fico triste, eu desabo. Quando vejo que essa intensidade não é reciproca, meu mundo vem abaixo. Não que seja do tipo de chorar pelos cantos, mas acabo me fechando mais do que deveria, me isolo e simplesmente páro de falar.

Dai entra o problema do perdão. Também não sei perdoar pela metade. Ou esquecemos tudo, colocamos uma pedra em cima do passado e retomamos de onde paramos, ou pára tudo e esquece da minha existência.

E então vem o problema da complacência. Começo a pesar o quanto gosto da pessoa, quantos momentos, quantas atenções, provas de afeto, carinho e atenção... mas afinal será que o crime foi assim tão severo? Não sei. O que sei é que não faria isso e portanto não admito que façam comigo.

Normalmente é algo que para mim é tão absurdo, algo tão completamente inesperado, que eu acabo de convencendo que de aquilo não foi real. Não é possível. Dai fica fácil perdoar algo que, teoricamente, não aconteceu. Esse é o momento quando passo por cima dos principios e acabo provando mais uma vez, que sim, sou complacente demais, sempre perdoando o imperdoável, muitas vezes esquecendo do meu próprio valor.

Finalmente, chega ao egoismo, ao porquê que me dou todo esse trabalho - não que eu realmente tenha uma escolha. Na verdade acho que perdoo as pessoas para que eu possa me sentir melhor comigo mesma, para que eu não carregue um sentimento negativo dentro de mim. Não brigo, não tiro a história a limpo porque não quero falar todas as verdades que me vem a mente, porque não quero inimigos nem ficar desconfortável perto de tal pessoa.

Perdoo, não porque a pessoa mereça ou - às vezes - nem mesmo queira o perdão, e sim para que eu possa seguir com minha vida normalente. Às vezes, acho mais fácil conviver com a ferida aberta, fingindo que não dói, do que ter que ir no hospital e correr o risco de ter uma parte de mim amputada.

Dai sigo, maldita intensidade...

Duas coisas eu sei: as pessoas que eu considero dessa maneira tão intensa sabem disso, e me conhecem suficiente para saber desses meus defeitos e/ou qualidades. E a segunda, independente da maneira com que a história termine ou continue, são pessoas que mudaram minha vida, e que por isso lhes sou grata.

Se decidir pelo caminho do perdão, de novo, saiba o quanto você é importante para mim, quanto te considero. Porque apesar do perdão ser um ato egoista, pode ter certeza que a possível amizade que possa surgir depois disso é uma das coisas mais sinceras que posso oferecer.