Inconfessável Segredo (EC)

 

To: You

From: Me

 

Você me pergunta se tenho um inconfessável segredo. Diz que é uma pesquisa para seu artigo e que basta eu lhe dizer que sim ou que não, mas  não preciso dizer o segredo.O que é óbvio, não entendi porque você frisou isso.  Sua pergunta veio por e-mail e você espera uma resposta rápida porque seu prazo está se extinguindo. O editor lhe cobra o artigo para ontem,  mas você não quer fechá-lo sem a minha resposta. Vamos fingir que eu acredito nisso. Você também me avisa que vai precisar citar meu nome, para validar o artigo. Também a minha profissão e a minha idade.  Não pode inventar nada. Diz que sua tese é que todas as pessoas têm um segredo, ao menos um, que nunca contaram a ninguém e que as vezes negam até a si mesmo. Diz que todos os que enviaram a resposta até agora confessaram: Têm um segredo inconfessável. Mas que não afeta a sua tese se uma minoria disser que não, que não têm um segredo inconfessável. Primeiro, porque estará mentindo. Segundo: porque toda regra tem exceção.Daqui já deduzo que você espera que eu minta, que foi o que você sempre esperou de mim.Mas nisso vou frustrá-lo: não mentirei, acredite ou não. Evidentemente serei uma exceção. Eu sou uma exceção em quase tudo o que faço porque admito a minha individualidade.Não apenas porque não sou uma Maria vai com as outras.  Pois então aqui vai a resposta: eu não tenho um segredo inconfessável porque aquilo que para mim é inconfessável simplesmente porque não tenho coragem de confessar, todas as pessoas que me conhecem e que convivem um pouco mais comigo sabem.Você só não sabe porque preferiu não conviver comigo. Então não é um segredo, só é inconfessável. 

Assim a minha resposta não tem nenhum valor para você, como nada que veio de mim nunca teve e eu me recuso terminantemente usar a minha resposta para  ajudá-lo em seu artigo. Mas já que você me fez essa pergunta deu-me a liberdade de fazê-la também a você: Tem um inconfessável segredo?