O Andarilho Triste

A multidão La fora, e eu caminho a esmo

Sigo meus passos que relutam em seguir, enquanto a muito e já parei

Ouço vozes, canções que parecem falar de nós, carros que passam

buzinando, me lembrando que ainda existo

Mudei de roupa ando de chinelos, cabelos agora longos,

a barba grande agora impede que alguém me reconheça

O sino da igreja martela todos meus pensamentos

Faz-me lembrar do passado que morreu e levou-me,

magoas a dentro, e um dia já estive ali.

No caminhar de meus dias ainda choro e a Deus imploro

Que ela seja feliz e que nunca venha, a saber, em que me transformei

Que meus filhos agora crescidos, nunca lamentem a perda de um pai

É minha sina e a sigo no arder do sol e na calada das noites

Noites de tormentos onde as almas me puxam pro meu inferno

Erros que foram meus e são meus, não acabará mesmo se morrer

Caminhando a passos lentos encontrarei na sorte da morte,

a paz que perdi em meu mundo

Olhos tristes, coração chora no peito a dor de uma vida perdida

Um Zé ninguém da estrada, mendigando comida e morada

Mas de toda malesa que me aconteceu, esse ser que a Deus afronta

Pedacinho por pedacinho de sofrimento.... Fez por merecer.