Apresento-me

22 de julho de 2010

Gostaria de primeiramente me apresentar, creio ser muita falta de educação contar coisas ou brincar de poeta, com pessoas que são nossas desconhecidas. Não que eu vá conhecer todos que estão por aqui, ou que vocês possam me entende, o tempo é tão curto, tão vago, tão desigual. Enquanto alguns têm tempo de viver uma vida inteira, de amarem por uma vida inteira, outros tem apenas o tempo de uma canção. Felizmente, existem canções que duram oito outro, infelizmente, duram apenas dois. Basta sabermos escolher o tipo de estilo que nos agrada, os cantores que nos fazem felizes.

Mas isso ainda não é sobre mim, certo? Comecemos pelo nome: Gustavo da Silva Andrade. Sou um jovem brasileiro de 18 anos, canceriano, nascido em uma cidadezinha do interior paulista. Não conheci meu pai, creio ser um grande marco de minha infância. Minha mãe, não tinha condições de cuidar de mim, portanto, fui criado por minha avó materna e minhas duas tias.

Sempre tive uma boa vida, não que seja a melhor, mas de longe é a pior. Nunca passei fome, frio, sede ou qualquer das privações básicas para a manutenção da vida. Por isto agradeço a Deus.

Sou um jovem repugnantemente inteligente. Nunca tive uma falsa modéstia ao dizer isso. Conheço minhas limitações, por isso, e por nada mais, afirmo minha inteligência. Acredito na beleza da vida, nos homens, no amor. Mas acima de tudo, acredito no saber.

Podem me condenar por ser dogmático, neste sentido, mas acredito que quanto mais sabe o homem, mais livre se torna. Não que os de pouco saber não sejam. E digo ainda que: saber não está relacionado com seu nível de escolaridade, ou com o “número de aniversário que celebrou.” E sim, com “o tipo de experiências que você viveu e o que aprendeu com elas.” Acho que Shakespeare não vai sentir-se ofendido ao saber do meu uso de suas falas.

Acredito muito no homem. Creio na força da humanidade, não o fosse não estaria aqui. Sou humano. Sou homem. Sei dos erros que o homem comete. Sei dos crimes, da corrupção, da negligência. Acredito nos homens, não pelo que são hoje. Mas pelas crianças.

Vejo a infância como uma fase de descobertas. De ser criança. Não que o conceito me permita alusões à infância de hoje, mas peço que a consideremos. Não em infâncias ricas ou pobres. Apenas em infâncias. Crianças. Sei que algumas pessoas não gostam de crianças, que detestam crianças. Que acham crianças monstrinhos de pura rutilância, se me permitem o trocadilho. Discordo destas.

Eu adoro as crianças. Busco nelas a fé para continuar, para acreditar no homem. Busco no que um dia eu fui a força para mudar e melhor o que sou.

E então chegamos a um ponto onde alguns leitores, cansados de meu vocabulário chinfrim, outros, da extensão pela extensão do texto, abandonaram-me. Não os culpo. Mas não omitir os fatos de minha vida. Preciso que me conheçam, que saibam quem sou que faço eu da vida.

Chego, final e merecidamente, ao cume de minha existência. Não que minha vida seja maravilhosa ou invejável, mas este é o ponto alto de minha essência. Daquilo que sou. A arte.

Creio na arte como um guia, que como sugere Oswaldo Montenegro: “Que a Arte nos aponte um caminho, mesmo que não saiba.” Até hoje busco este caminho. Busco um lugar para chamar de meu. Busco a chance de encontrar um amor, de saber o que é sorrir de verdade. Sem mentiras.

Outro dia, assistindo ao filme Guerra ao Terror, excelente filme de Catherine Bigelow, cheguei a um consenso, interessante consenso que surgiu da discussão de Eu comigo mesmo: quantas coisas importam para mim? Digo: na infância, tudo nos importava. Brinquedos, amigos, escola, família, desenhos, comida, terra, ar, tudo. Com o passar do tempo, o amadurecimento da criança, a lista de coisa que realmente importam vai resumindo. E como, sabiamente, sugere Catherine no final, sua personagem diz: “E quando estiver na minha idade, uma ou duas coisas realmente importaram.”

Depois de um bom tempo, tentando entender o que quis dizer com isso, busquei respostas em tudo. Na fé, na ciência, na psicologia, em tudo. Mas sabe onde encontrei? Em mim mesmo. Sabe, bastava eu olhar para o lado e ver o que estava presente e era especial para mim. O que realmente me importava. O que fazia sentido.

Tento encontrar essa resposta até hoje. Tento encontrar, mas cada vez que me aproximo, ela parece fugir de mim. Tomar outro rumo. Então eu tento novamente. E de novo e de novo. Eternamente.

É um prazer conhecê-lo. Meu nome é Gustavo. Não pretendo bancar o rotulador, muito menos o dogmático. Apenas quero mostrar o que tenho encontrado no caminho. Quero poder mostrar as coisas que entendi em mim, e do mundo. Não sou ninguém para me julgar melhor que você ou qualquer outro. Como disse, conheço minhas limitações. Mas também conheço meu potencial. Espero que me leiam até o fim. Que não parem pela extensão ou pelo vocabulário chinfrim. Peço apenas que me leiam. Sem óculos ou vendas. Apenas me leiam, sem preconceitos ou aversões.

Desde já, fico muito agradecido.

Atenciosamente, Gustavo Andrade

Le Vay
Enviado por Le Vay em 23/07/2010
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T2394709
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