Um Pensar Para Ti, Do Meu Pensar, Sobre o Natal...

Incrível como hoje não tenho vontade de escrever, mas mesmo assim, sento-me aqui, para tecer algo.

Penso então... para quem enviar? Preciso de um amigo e, me lembrei de ti.

Quem me lê pergunta: Sou eu? Respondo: Não sei, só sei que é para ti.

Amigo de tantas horas num decorrer de algum tempo, de muito tempo. Amigo imaginário, amigo trazido, amigo encontrado, amigo sentido por favor, receba essa humilde carta.

Quantos sonhos não é mesmo meu amigo? quantas vontades, quantos sentares, quantos pensamentos, quantos desejos, quantas mentiras também, quantos conheceres, quantos e quantos quereres.

Sabe, sempre quando chega essa época do ano e vejo as pessoas malucas pela rua, cheia de sacolas, muitas vazias, fico pensando onde vou depositar minha bota esse ano, onde estaria o meu 2009. Em que janela estará aquilo que sempre amei e busquei.

Recebi uma mensagem esses dias, que dizia assim: “nesse mar de ilusões, muito tempo perdemos, às vezes, nem sempre nos encontramos mais e muitas coisas deixamos de ter e viver”. A mensagem tem razão, porque quanto tempo, dentro do nosso tempo, colocamos fora com coisas que não nos pertencem e que ficamos batendo, não escrevendo, mas batendo em pedra, na ilusão de estar esculpindo.

Uma palavra, um gesto, um olhar, quanto colocado fora...

Um olhar de rapina diz-me que sou mulher do meu tempo, que mesmo tendo colocado fora, aprendi. Num me conformo com esse aprender. Então, me projeto, muito além pra tentar entender as coisas da vida. E, no comando de minha alma, penso que a sociedade na qual vivemos tem muitos braços e olhos, que nos vigiam e interferem em nossa realidade, em nosso querer. Um deles chama-se opinião alheia. Não a de algumas pessoas amadas e respeitadas, mas essa entidade informe, onipresente, quase onipotente, do “o que eles vão pensar”. Sem pedir licença, entra em nossa casa e em nossa consciência, limitando, podando.

Lembrando dos Carajás de Leonardo Boff, nunca vou esquecê-los, porque não ligaram nem mesmo para a opinião do Criador, simplesmente, seguiram seus corações e contemplando o Belo, o que nunca tinham visto, foram embora. Tornaram-se mortais, mas viveram, nasceram para a vida e para a morte.

Meu amigo, quantas vezes nos encontramos, eu e tu, para sentar e conversar, quantas vezes fazíamos, ao mesmo tempo, a mesma coisa, exatamente a mesma coisa, sem estarmos juntos e muito menos perto.

Incrível, mas é verdadeiro. E é essa verdade que trago comigo, uma verdade que me torna mortal e que me renasce.

E o natal? O que tem a ver com isso? Tudo, respondo. Porque todo dia é dia de se morrer e de se viver, todos os dias, mas existe um dia específico, no qual tudo começou. E é essa data que comemoramos, o começo de algo, o nascimento de tudo que podemos mudar todos os dias. Assim como fez Cristo que chegou uma época da vida, na qual Ele quis mudar tudo que o deixava infeliz e num momento mágico, saiu andando, falando, construindo o caminho e com Ele levando pessoas que acreditavam em suas palavras. Comemoramos então, a renovação, a magia de um nascer. Um nascer que pode mudar tudo.

Que grande anáfora temos aqui, que grande diria até, metáfora, dentro de um comparativo abençoado, mágico, ilustrado mentalmente em nossas memórias, e porque não dizer percebido.

Então, como diz a letra, é Natal... Nascemos e morremos todos os dias.

Se eu quiser falar com Deus, preciso me curvar, preciso nascer e morrer todos os dias. E esse nascer e morrer são muito dentro de um contexto, no qual estamos inseridos e quando quero nascer lembro-me, quando quero morrer esqueço-me.

Um buscar no infinito de minha alma, um mergulho que só eu sei fazer, um nadar sobre águas.

Meu querido amigo, meu pensar para ti de talvez um Feliz Natal !

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Gislaine Becker
Enviado por Gislaine Becker em 17/11/2009
Reeditado em 18/11/2009
Código do texto: T1928574
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