Ao meu grande amor...

Vou escrever tudo o que não consigo mais dizer ou expressar.

São duas horas de manhã de sábado, estou sentado no banheiro de uma boate... A música tá alta mais não estou ouvindo.

Fui até o balcão, pedi uma caneta e comprei uma garrafa de Vodka. Sinto que hoje seja minha ultima noite. E quero escrever tudo o que eu não te disse.

Droga, esqueci de pedir papel!

Vou escrever num rolo de papel higiênico... Vamos lá:

Eu não sou bom com datas, mas me lembro que nos conhecemos em um dia na rua. Fomos apresentados. Mas realmente nos deciframos quando ficamos presos só nos dois em um elevador. Foi o melhor dia da minha vida! Depois disso, eu comecei a te desejar. Cada dia mais. Desejava-te todas as horas. Como um viciado que a droga. Você também me queria. E depois de uma taça de vinho nos entregamos. Ficamos sete anos, não? E você me largou... Nunca entendi, mas aceitei. Eu te amava demais para deixar você infeliz.

Algum tempo depois me disseram que você tava de novo amor. E eu ali. Em chamas, como um incêndio. Mas eu me calei, porque te amava demais para tirar tua felicidade.

Noite passada, peguei o mesmo elevador, mais ele não quebrou e nem você estava lá. Hoje de manhã, andando pela rua, vi teu filho com a babá. Lindo ele, tem teu olhar de criança e teu sorriso divino. Mas nada fiz, porque te amo demais!

Agora. Eu fumei um cigarro. Bebi uma garrafa de Vodka e terminei com o papel. O papel tá no fim... E só quero dizer que:

Se alguma vez eu nada fiz, foi porque te amo demais.

E por te amar demais, eu nada farei...

Mas quero que sejas feliz. Com teu novo amor... Com tua nova vida.

Só nunca te esqueças desse homem que tanto te amou e tanto te ama.

Meu doce sonho... Com olhos de infância... Voz de maturidade... Cabeça de adolescente sonhador... E coração de... (aqui acabou o papel).

P.S.: esta carta foi encontrada por um garçom em uma boate. Por ser meu amigo ele me deu a carta e eu a transcrevi. Sei que algo assim não deve ser feito. Mas ela era tão bela... Um amor. E nenhum amor pode ser destruído ou deixado no banheiro de uma boate. A boate? Uma boate na zona sul de São Paulo. O nome de quem escreveu a carta? Um louco anônimo. Para quem era a carta? Nunca saberemos... Atenciosamente.

P.S.S.: os erros gramaticais foram mantidos. Apenas erros de acentuação foram corrigidos. Atenciosamente.

P.S.S.S.: a carta original encontra-se em posse de meu amigo, que me disse nunca revelar a mais ninguém seu conteúdo. E eu também manterei seu nome em sigilo. Atenciosamente.

Le Vay
Enviado por Le Vay em 26/07/2009
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T1720057
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