AGONIA E MORTE DE GONÇALVES DIAS

________________________________________________________________________________

Notas Biográficas

Por que foge a minha estrela, / Se no exílio que me achava

O prazer que me restava, / O meu prazer era vê-la?

Por que foge a minha estrela? (Otaviano de Almeida Rosa)

Em 1862, Gonçalves Dias viajou à Europa para um tratamento de saúde. Mas não conseguiu as melhoras esperadas; e, piorando, embarcou a nove de setembro de 1864 no vapor Ville de Boulogne, para o Maranhão onde desejava morrer. Sentia-se feliz por retornar a sua terra natal.

O navio era um velho veleiro, movido a vapor, com uma tripulação de apenas 12 marinheiros. O poeta seria o único passageiro. Estimava-se que a travessia duraria cinqüenta e três dias.

Seriam os versos que escreveu em 1845, antes de partir de São Luís para o Rio, no poema Adeus aos meus amigos do Maranhão, um presságio?

Tal parte o desterrado: um dia as vagas

Hão de os seus restos rejeitar na praia,

Donde tão novo se partira...

Presságio ou não, era o que lhe estava reservado naquela viagem. Na noite de três de novembro de 1864, O Ville de Boulogne naufragou nos baixos dos Atins, perto da vila de Guimarães, no Maranhão. Sem forças para abandonar a embarcação, e, esquecido na confusão do naufrágio, morre, o poeta, ao largo das praias de sua província natal. Nem seu corpo foi encontrado; crê-se que o devoram os tubarões, abundantes naquela região.

"[...] o passageiro vinha muito doente do peito, tanto que mal se percebia uma e outra palavra que dizia quando desejava qualquer coisa; que seu estado de prostração agravou consideravelmente, uns oito dias antes da catástrofe, a ponto de não querer comer absolutamente, bebendo apenas uns goles de água com açúcar; que ao avistar-se terra, o doente tendo pedido para ser levado ao tombadilho, no que foi satisfeito, sentiu tamanha emoção com o prazer experimentado naquele momento, que lhe sobreveio uma síncope, e todos julgaram que ele ia falecer: e que de então até a hora do naufrágio havia seu estado piorado muito. Na verdade o náufrago já era um moribundo." (declarações do comandante do navio, no inquérito aberto pela polícia do Maranhão)

Escreveu Manuel Bandeira, em seu Andorinha, Andorinha: "Na Canção do Exílio pedira o poeta, em 43, quando se achava em Portugal:

Não permita Deus que eu morra

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem que ainda aviste as palmeiras

Onde canta o sabiá.

Daquela vez Deus não permitiu. Mas em 64, não."

Por sua importância na história da literatura brasileira, foi Gonçalves Dias homenageado pela Academia Brasileira com o Patronato da sua Cadeira 15, onde tiveram assento Olavo Bilac, Amadeu Amaral, Guilherme de Almeida, Odilo Costa Filho, Dom Marcos Barbosa e Pe. Fernando Bastos D"Ávila. ®Sérgio.

Veja Também (clique no link):

O Grande Amor de Gonçalves Dias.

Os Infortúnios de Gonçalves Dias.

_______________________________

Para copiar o texto: selecione-o e tecle Ctrl + C.

Ajudaram na composição do texto: BOSI, Alfredo – História Concisa da Literatura Brasileira, 3ªed., São Paulo, Cultrix. / VERÍSSIMO, José – História da Literatura Brasileira, Rio de Janeiro, Record, 1998. / BANDEIRA, Manuel – Seleta de Prosa, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1997.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquercomentário.

Se vocêencontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.