Manoel de Oliveira Paiva - Uma biografia à luz das recordações da família

Nada aconteceu por acaso. No fundo, as coisas têm seu plano secreto de vida, reservado a cada um de nós, embora não entendamos. Mas, certamente, os grandes destinos são impensáveis! Quem poderia imaginar em 1861, um cearensezinho, nascido na Rua D’Amélia, filho de João Francisco de Oliveira e Maria Isabel Pereira de Oliveira, seria seminarista, militar, escritor e abolicionista e, finalmente, um dos maiores romancistas brasileiro, senão, o primeiro a trazer para o âmbito da literatura a geografia da capital cearense? Quem pensaria que aos 25 anos, na luta contra o fim da escravidão, viria escrever: "Chorai, chorai, senhor! Chorai, chorai, senhora! Morreu o Escravagismo, o enterro faz-se agora! E acordado ouvi a esplêndida alvorada. Em honra a Fortaleza, a pátria libertada.”

Que “bola de cristal”, poderia prever, nem ele, que sua obra permaneceria por muito tempo ignorada, tanto pelo público quanto pela crítica, após a sua prematura morte aos 31 anos? E quem diria, que sessenta anos depois, enfim, receberia o “Títulos dos Imortais”, por seu romance, Dona Guidinha do Poço?

Em suas 31 primaveras, Oliveira Paiva ou Gil Bert, nome e pseudônimo que adotou, escreveu vários artigos em “A Quinzena”, "Libertador”, “Padaria Espiritual”, dentro outros.

Deixou-nos em plena estação das flores em 1892. Naquele ano, estendido em uma cama de vento, tinha a um dos lados sua veneranda mãe, do outro sua extremosa esposa e sua filhinha, interessante criancinha com quem ele brincava quando os acessos da tosse pertinaz lhe davam lugar. Na cabeceira, pendente na parede, estava a divina imagem de Cristo crucificado, e Oliveira Paiva, volvendo os olhos para cima, disse-me com a convicção sincera: “Aquele é meu pai!”

Essa é a vida e obra que estamos por terminar, mesclando e documentando, a biografia deixada por José Joaquim de Oliveira Paiva, publicada no jornal “O Nordeste”, em 1952, com a colaboração de sua filha Lúcia Bezerra de Paiva.

Em breve......