Abismos de papel

Emprestarei meus sonhos

A essa cidade vazia.

Em todos os sinais

O meu corpo se fecha.

Pelos meus corredores

As crianças antigas,

quê não envelhecem.

Meus mortos do café

Permanecem no sonho

sentados na escada

Da velha cozinha entristecida.

Por cima dos edifícios

As solidões se jogam

De precipícios falidos

Mas não chegam ao chão;

Um herói falso,

Fadado ao abandono,

Sempre me salva no final.

O coração se corrói

com as mesmas palavras,

Algoz mortal e abatido.

As mãos frias

Procuram no silêncio

minhas próprias alças.

Já é tarde

E esse meu destino

que consome trevas e escuridão;

Terno elegante

Sapato brilhoso

Brasas pra pisar no chão.

Que me valha o gesto

Não acredito em sorte;

Que me valha o verso

Pois eu solitário sou,

E ando sozinho pelos lugares.

Um brado aos amigos

Aos poucos e se os tive!

E nem o amar com suas dores

Que não me valha

e nem o sofrer,

pois não tive amores.

Edmilson Cunha
Enviado por Edmilson Cunha em 16/11/2019
Reeditado em 14/05/2021
Código do texto: T6796300
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