pensamento de um yao

Nasci no brejo gelado e fui arrancada pela mão forte de um mulato

Fui posta ao sol, onde sequei, fui arrumada e amarrada

E agora Taboa já não me chamava

No mercado repousei ao lado de ervas frescas

Meu nome agora era Esteira

Valia pouco, mas logo fui levada

Senti a água fria

O sangue quente

E as lágrimas salgadas

Ouvi o paó que rompia a madrugada

Ouvi o som do adjá

Ouvi o bater forte do coração

Apoie o medo do desconhecido

Apoiei cabeças raspadas

E cuidadosamente pintadas

Sobre mim repousam homens

Sobre mim repousam deuses

Sobre mim repousam a vida e a morte

Fui Taboa

Virei Esteira

E eternamente serei Enin

Texto de ****Fernando Lima

Fernando lima
Enviado por Mara de Andrade em 17/02/2017
Código do texto: T5915330
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