Família Batista: raízes e memórias

Família Batista: raízes e memórias

A gênese da honrada família Batista, da cidade de Sousa-PB, ocorre a partir da união entre os jovens camponeses José Batista da Silva e Maria Emília da Silva, no dia 26 de novembro de 1937, sob as bênçãos da igreja Sagrado Coração de Jesus, no antigo distrito de São Francisco. O unido casal, cumprindo a resolução do destino, formaria uma família feliz, mediante rígida educação advinda da religiosidade da doutrina católica.

José Batista e Maria Emília se conheceram e iniciaram uma linda história de amor no meio rural de São Francisco, em uma missa dominical, no longínquo ano de 1935. Abençoados pela fé cristã, o casal teria sua vida trilhada pelo virtuosismo, pelo amor ao semelhante, bem como pela valorização e respeito à família.

Zé Batista nasceu no dia 4 de fevereiro de 1916, no Sítio Ramada (atual distrito de São Francisco), sendo um dos nove filhos do casal João Batista da Silva (agricultor) e dona Maria Lopez Casimiro.

Dona Emília nasceu em 11 de novembro de 1917, no Sítio Prensa, nos dias de hoje, comunidade pertencente ao município de Aparecida, sendo uma das doze filhas do agricultor José Antonio da Silva e da dona-de-casa Maria Luiza Dantas.

Como todo casal que se preza, Zé Batista e dona Emília viveram momentos de angústias e alegrias, ao longo de mais de seis décadas, de respeitosa união conjugal. Conheceram as dificuldades e percalços do sofrido sertão rural, tantas vezes atingido por secas cíclicas e perversas, em épocas que imperavam o descaso e o abandono governamental.

Não obstante as agruras que se abatiam sobre a vida do casal, notadamente pelas dificuldades com os roçados, fonte exclusiva para o seu sustento, quase todos os anos uma alegria divina irradiava a família, com a chegada de mais um membro. Assim, sob a alegre testemunha do escaldante sol sertanejo, nasceram doze filhos que encheram de orgulho o ditoso casal: Valdomiro (in memorian), Francisco de Assis, Eridon, Ritinha (in memorian), Francisca, Maria do Socorro, Maria Salomé, Maria de Fátima, Maria Gorete, Francisca das Chagas, Manoel e João Bosco.

Sempre mantendo uma sólida postura regrada pela fé, amor, caridade e paz, o casal ganhou de presente dos filhos e de Deus 45 amados netos, com quem possuíam uma estreita relação de cumplicidade fraternal, e 42 bisnetos queridos.

A vida dura nos sítios abria espaços para as atividades de fé do casal, em que sempre frequentava a igreja local. Inclusive, nos meses de maio, dona Emília participava do novenário de Maria todos os dias, derrotando a pé uma distância de uma légua, pelas castigadas e resistentes veredas da caatinga, que separava sua humilde casa do templo sagrado.

As intempéries da agricultura de subsistência daquelas quadras obrigava a família a uma vida de nomadismo. Desta feita, na década de 1950, o casal se muda do Sítio Ramada para o Sítio Várzea (distrito de Aparecida) e alguns anos depois vai morar no Sítio Alegre, pertencente ao município de Aparecida. Na década de 1960, nova mudança, desta feita para o Sítio Morrinhos.

Em 1976, aos 60 anos de idade, José Batista consegue se aposentar, depois de uma vida inteira dedicada à agricultura. Três anos depois, em 1979, o casal passa a residir, de forma definitiva, na cidade de Sousa, deixando para trás imorredouras lembranças de uma existência fatigante e ao mesmo tempo deleitosa, na simplicidade familiar campestre.

Em Sousa, morando no Bairro José Lins do Rego (Casas Populares), o casal costumava rezar o terço todos os dias, pela manhã e à noite. Mantendo a tradição católica, assistiam diariamente à programação da rede vida de televisão e participavam, de forma assídua, das celebrações da igreja Nossa Senhora de Santana.

Nas Casas Populares, José Batista conquistou muitas amizades, a partir de seu passatempo favorito, que era o jogo de dourado (jogo de cartas). Enquanto Maria Emília, dona-de-casa, acolhedora, gostava de fazer caridade, como visitar e dar apoio aos doentes conhecidos dos sítios nos hospitais da cidade, dar esmolas e ajudar às pessoas mais humildes...

Nos finais de semana, retornavam ao sítio para visitar os filhos e matar a saudade do bucólico e módico lugarejo. Regozijavam-se ao sentir a doce serenidade das reminiscências pastoris, em rever aquelas pessoas do seu clássico círculo afetivo.

No ano de 1987, em uma bela cerimônia realizada pelo Padre José Mangueira, na igreja Nossa Senhora Santana, em Sousa, acontece a emocionante celebração das bodas de ouro do casal, que contou com a presença de seis filhos, netos, bisnetos, parentes e amigos da família.

Dez anos depois, em 1997, na igreja Nossa Senhora de Fátima, em São Bernardo do Campo-SP, ocorre a solenidade alusiva às bodas de diamante de José Batista e Maria Emília, com a presença de sete filhos, netos e bisnetos. O magnífico evento celebra 60 anos de uma exemplar união conjugal e a confirmação do cumprimento de todas as promessas a Deus no dia do “sim”.

Maria Emília faleceria no dia 21 de setembro de 2001, aos 84 anos, enquanto José Batista descansaria no dia 20 de abril de 2012, aos 96 anos, ambos de morte natural, deixando um legado de grandeza e retidão para todos que os conheceram e imensas dores da saudade para os filhos e demais familiares.

Josemar Alves Soares
Enviado por Josemar Alves Soares em 16/12/2016
Código do texto: T5855079
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