QUANDO DEUS NÃO CURA - Parte 5

Era uma quinta-feira e logo pela manhã recebemos a ligação do médico responsável. O resultado da biópsia havia saído, mas ele informou que preferia aguardar o resultado do exame de sangue para dar um diagnóstico definitivo. Estávamos ansiosos.

A tarde chegou e com ela recebemos uma nova ligação, o resultado do exame de sangue confirmou o diagnóstico: Elis estava com uma doença chamada Nefropatia por IGA.

– Nefropatia significa doença dos rins.

– IgA, ou imunoglobulina A, é um tipo de anticorpo produzido para defender as mucosas dos tratos respiratório e gastrointestinal contra germes do exterior.

A nefropatia por IgA, também chamada de doença de Berger (se pronuncia “berjê”), é uma doença renal causada por um mal funcionamento destes anticorpos, que, por motivos ainda desconhecido, passam a se depositar nos rins e quando em estado avançado, causa insuficiência renal. Como é uma doença decorrente de um mal funcionamento do sistema imunológico, ela pode ser considerada uma espécie de doença autoimune, apesar de não haver a produção de um anticorpo diretamente contra o rim.

O médico nos orientou a irmos no dia seguinte para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na ilha do Governador – RJ, mais conhecido como hospital do Fundão.

A sexta-feira chegou, fui para o trabalho e Elis, juntamente com seu pai e com nossa cunhada Paula, foram para o Fundão.

Quando chegaram no hospital, o médico explicou como seria feito o tratamento e que o estágio da doença já estava avançado. Descobrimos que a Elis já possuía a doença desde os seus 15 anos.

Seriam utilizadas drogas intravenosas durante vários ciclos semanais alternados. O primeiro ciclo seria dia sim e dia não, o segundo ciclo seria de três semanais e o último ciclo uma vez na semana.

Quando os ciclos terminaram os exames foram refeitos e para a nossa tristeza o tratamento não surtiu efeito algum, todas as taxas continuavam aumentando.

O médico então decidiu partir para um tratamento mais agressivo e deu-se início a um tratamento quimioterápico que faria com que Elis perdesse os cabelos e fortes enjoos.

O tratamento no hospital do fundão iniciou-se no final do mês de Julho e estendeu-se até dezembro. Novos exames foram realizados e mais uma vez o tratamento não foi satisfatório, as taxas continuavam a subir.

Uma nova bateria de exames foi pedida e um tratamento conservador foi iniciado. Se os resultados não se alterassem não teria outra saída: Elis teria de colocar uma fistula e fazer hemodiálise.

Wilson Gonçalves
Enviado por Wilson Gonçalves em 26/11/2016
Reeditado em 28/05/2018
Código do texto: T5834994
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