A LIBERDADE... A VIDA... "Quem foi Guido d'Arezzo?

Quem foi Guido d’ Arezzo?

Duas versões diferentes.

1ª versão.

Guido d'Arezzo, o PAI da MÚSICA.

JEAN-PIERRE LANGELLIER*

05/08/2000 - 00:00

Amante do CANTO RELIGIOSO, em glória de DEUS e pela salvação dos homens, Guido d'Arezzo sublima a sua paixão em esforço pedagógico.

Inventor do famoso dó-ré-mi, fará do ensino da MÚSICA preocupação maior da sua vida de MONGE BENEDITINO.

"Dó, ré, mi, cant'aqui. Mi, fá, sol, rouxinol. Fá, mi, ré, ao meu pé. Ré, mi, dó... trolaró."

Desde a mais tenra idade que as crianças da Europa latina trauteiam as lengalengas da ESCALA MUSICAL.

Estão longe de imaginar que estas NOTAS têm mil anos. E mais longe ainda de saber que têm um PAI, um MONGE ITALIANO, Guido d'Arezzo, que AS INVENTOU a pensar noutras CRIANÇAS, no recolhimento de uma abadia.

A história de Guido d'Arezzo começa nos alvores do Ano Mil, entre a Toscânia e a Emilia Romagna. Terá nascido por volta de 995, em Talla, uma aldeia do Casentino, no Alto Arno?

Quem não tem dúvidas a tal respeito são os habitantes do lugar, que transformaram a sua presumível casa natal num pequeno museu dedicado ao "PAI da MÚSICA".

Mas há uma versão mais "nobre", provavelmente lendária, do seu nascimento.

Numa noite escura e fria do ano de 998, uma jovem mulher de Arezzo, da família aristocrata dos Ottaviani, ter-se-ia apresentado às portas do mosteiro de Pomposa, no delta do Pó, implorando que lhe aceitassem o filho natural, de nome Guido, criado em segredo.

O abade, compadecido, acedeu à súplica. Uma coisa é certa: Guido chega jovem a Pomposa, onde passará o essencial da sua vida. Pomposa, a "Magnífica", faz jus ao nome.

A silhueta elegante do campanário, os muros ocre do mosteiro, os frescos da basílica bizantina atravessaram séculos, intactos, entre o mar e os terrenos pantanosos.

No tempo de Guido, Pomposa situa-se no coração de uma ilha em forma de triângulo, constituída pelo Adriático e por dois braços do Pó.

Um refúgio SALUBRE e ARBORIZADO, um mundo de silêncio propício ao ESTUDO e à ORAÇÃO, atividades tão caras aos monges beneditinos.

Neste princípio do século XI, Pomposa vive a sua idade de ouro. É independente, rica, poderosa. Emancipou-se da tutela de Pavia e de Ravena. Possui terras imensas e dezenas de IGREJAS.

O seu abade administra a justiça civil. Nesta região de Itália, imbuída de uma intensa PRIMAVERA RELIGIOSA, Pomposa irradia um brilho espiritual que durante muito tempo atrairá imperadores, de Otão III a Frederico Barbarruiva, e, bastante mais tarde, artistas, como Dante ou Giotto.

A sua famosa BIBLIOTECA deixa maravilhados os eruditos. É neste local da alta CULTURA que Guido tem o privilégio de crescer e aprender. APAIXONA-SE pela MÚSICA.

Ao lado dos "oblatos" - rapazinhos, quase sempre provenientes de famílias importantes, "oferecidos" à abadia para aí receberem INSTRUÇÃO e que serão, mais tarde, os futuros monges -, canta a plenos pulmões HINOS e SALMOS.

Em Roma, os mais dotados destes chantres juntam-se à "schola cantorum" de Latrão.

Em Pomposa, Guido oficia como menino de coro até ao dia em que a puberdade lhe ensombra a VOZ. "Onde está a minha infância? Onde está a minha voz? Onde estou - ou, ao menos, onde estive? Não sei quem sou nem sequer de ouvir dizer", dirá, mil anos mais tarde, o escritor Pascal Quignard na "LIÇÃO de MÚSICA" (1998).

Terá também ele, Guido, experimentado esta nostalgia da "voz perdida"? Facilitar a APRENDIZAGEM do CANTO será, toda a vida, a sua preocupação maior.

Já adulto, Guido é um apaixonado da TEORIA. Lê e relê as obras dos grandes melómanos da Antiguidade: Pitágoras, Platão, Agostinho.

E o caro Boécio, o filósofo latino que fez a passagem de testemunho da Antiguidade para a Idade Média e por quem os homens do Ano Mil nutrem grande admiração.

Fanático da abstração, não via na MÚSICA senão "racionalismo e abstração".

Acusado de traição pelo imperador visigodo Teodorico, morreu decapitado numa torre de Pavia, num dia de Outono de 524.

A sua "INSTITUIÇÃO MUSICAL " foi copiada e comentada até ao século XVI.

Boécio, que o historiador Guy Lobrichon considera, com Cassiodoro e Isidoro de Sevilha, "um dos três mestres da Europa bárbara".

Todos estes LIVROS serviram de alimento a Guido, que os digeriu.

Assimila deles a herança greco-latina que faz da MÚSICA uma CIÊNCIA, "a CIÊNCIA do número tornado AUDÍVEL".

Como todos os letrados do Ano Mil, conhece de cor e salteado o episódio lendário protagonizado por PITÁGORAS que lhe teria permitido instituir as PRIMEIRAS LEIS da MÚSICA.

Guido conta-a no seu livro-chave, o "Microgus", com um laivo de malícia: "Um certo PITÁGORAS, grande filósofo, viajava ao acaso... "Eis que passa perto de uma forja e ouve as HARMONIAS dos quatro martelos a bater na bigorna.

Depois de os sopesar, descobre que a HARMONIA dos SONS produzidos resultava da relação numérica entre os pesos respectivos.

Logo, a proporção e a relação dos números tornam inteligível o BELO MUSICAL.

Na Idade Média, como na Antiguidade, a MÚSICA é uma CIÊNCIA matemática, um dos quatro ramos do "quadrivium", ensinada com a geometria, a álgebra e a astronomia.

Ela ordena as forças escondidas que estruturam a "alma do mundo" e revela-as, exprime as proporções e as medidas do "grande sistema perfeito", deixando entrever o universo puro dos números e participando na HARMONIA CÓSMICA.

Pascal Quignard observará: "Existe um segredo do SOM - da invenção do SOM no universo - e eu não sei qual é." Guido e os contemporâneos eram menos ignorantes: a MÚSICA, segundo eles, exprimia a BELEZA, a PERFEIÇÃO de DEUS e do MUNDO POR ELE CRIADO a partir do número, do RITMO e da HARMONIA.

A BÍBLIA não era clara? "Mas tudo dispuseste com medida, número e peso" (Sabedoria, XI, 21).

Simultaneamente CIÊNCIA e METAFÍSICA, nascida quando a FILOSOFIA, a MÚSICA alimenta uma atividade ESPIRITUAL, constrói uma ESTÉTICA e uma ÉTICA, pretende unir SABER, MORAL e BELEZA.

"O RITMO e a HARMONIA", observava Platão, "têm o poder, ao mais alto grau, de penetrar na ALMA, de se apoderar dela, de nela introduzir o BELO e de a submeter ao seu império."

A MÚSICA remete para o movimento da ALMA, para o "número interior" do homem. No coração da CULTURA medieval, a MÚSICA é parte integrante e plena da EDUCAÇÃO, como pretendera Sócrates: "A ginástica para o corpo, a MÚSICA para a ALMA.

"Para Guido, servo de DEUS, toda a MÚSICA é CANTO, e todo o CANTO é ORAÇÃO.

Nos campos da Toscânia e da Emilia Romagna, nas cidades e burgos - em Ravena ou Ferrara -, o povo gosta de se divertir e de CANTAR enquanto bebe, nem que seja para enganar a fome. Tudo é objeto de CANTO: a guerra, o vinho e, bem entendido, as MULHERES.

O AMOR é o eterno rival da RELIGIÃO enquanto fonte do CANTO. Certos HINOS obscenos, entoados por vezes no auge das reuniões báquicas, chegam a parodiar os ritos SAGRADOS.

CANÇÕES para quando se bebe, romanças, poemas, CANÇÕES de embalar, baladas: nenhum eco destas árias populares chega aos ouvidos dos monges de Pomposa, preocupados em escapar ao mundo, às tentações da carne e ao diabo.

A Idade Média é, acima de tudo, a idade da FÉ, uma época ébria de DEUS.

Encerrados nos mosteiros ou embrenhados na vida secular, os homens banham-se em atmosfera RELIGIOSA. Pedestal da civilização medieval, a IGREJA governa a vida INTELECTUAL e ARTÍSTICA. Utiliza a MÚSICA para propagar o EVANGELHO, para levar as ALMAS até DEUS, em ALEGRIA. "CANTA em júbilo!", aconselhava Agostinho.

Teria a IGREJA sobrevivido sem MÚSICA? A princípio, na IGREJA secreta das catacumbas, tudo era balbuciamento e simplicidade, ORAÇÃO, LEITURA e SALMODIA.

Ao longo dos séculos, a IGREJA organizou o seu CULTO, voltando uma vez mais às profundezas da terra, ao fundo das criptas, confrontada com as tardias invasões pagãs, normandas ou húngaras.

No Ano Mil, acalmada a tempestade, a MÚSICA celebra orgulhosamente o reino de DEUS. Penetra no coração da LITURGIA.

A MÚSICA irriga a existência austera e monótona de Guido, imprime-lhe RITMO. A MÚSICA na sua fase mais modesta, a MÚSICA anterior à própria MÚSICA, quando ainda inexistente como ARTE, desprovida de asas para voar.

A MÚSICA-CANTO, a MÚSICA-ORAÇÃO. O CANTO é o ideal absoluto da ORAÇÃO. Por volta do Ano Mil, a voz humana impera nos SANTUÁRIOS de CRISTO, nas IGREJAS, nos MOSTEIROS.

Nesta época, de triunfo dos MONGES, ignora-se ainda a ORAÇÃO pessoal e muda. Toda a ORAÇÃO é necessariamente coletiva, unânime, clamada. O CANTO é dirigido a DEUS; a única preocupação, gravar na memória as palavras SAGRADAS.

Ao SOM da "CÍTARA interior do coração", CANTAM-SE as palavras de DEUS, as palavras-senha DIVINAS que franqueiam os caminhos do invisível. "MÚSICA e CANTO são 'media' do ESPÍRITO; afastam o ESPÍRITO do mal e invocam o ESPÍRITO SANTO", escreve o historiador Dominique Iogna-Prat.

Com a VOZ, também ela "DOM de DEUS", CANTA-SE até ao último fôlego, como o rei capeto Roberto, o Piedoso, morto em 1031, que CANTAVA "assiduamente os SANTOS SALMOS ".

Quatro a seis horas por dia, às vezes mais, como os outros irmãos de Pomposa, Guido consagra o essencial da sua vida ao CANTO CORAL nas numerosas cerimônias da LITURGIA.

É uma atividade por vezes esgotante. Mas é o trabalho dos MONGES, a sua missão específica, a sua VOCAÇÃO. Mediadores entre a TERRA e o CÉU, entre o TEMPO e a ETERNIDADE, estabelecem a ligação ritual entre o mundo dos homens e o dos anjos.

"Eles representam a ordem celestial e imutável no seio das sociedades, aturdidas e dizimadas pelas guerras, pelas doenças e pela fome", escreve Guy Lobrichon.

Estes "CRISTÃOS integrais" - como lhes chama o medievalista Dominique Barthélemy - são penitentes que expiam os seus pecados e os do povo. "Delegados para a purificação geral" (a expressão é de Georges Duby), captam o perdão DIVINO e propagam-no ao redor.

REZAM pelos vivos, pelo homem alquebrado e resgatado. REZAM pelo homem em perigo. "Não podeis morrer", dirá Filipe Augusto aos seus marinheiros, dois séculos mais tarde, no meio de uma tempestade noturna, "pois neste instante milhares de MONGES se erguem do leito e em breve estarão a REZAR por nós."

REZAM, também, pelos mortos. Pelos raros eleitos que conquistaram o PARAÍSO. E pela multitude de ALMAS pecadoras errantes à espera do julgamento final.

Só no século XII a IGREJA inventará o purgatório, o "terceiro lugar", entre o CÉU e o Inferno, que tanto inspirou o historiador Jacques Le Goff.

Só muito mais tarde Richelieu poderá ironizar sobre o número de MISSAS necessárias para SALVAR uma ALMA do purgatório: "Tantas quantas as bolas de neve precisas para aquecer um forno."

No Ano Mil, não se brinca com a SALVAÇÃO dos mortos. Por eles REZA-SE e CANTA-SE até ficar sem fôlego. A abadia de Cluny, no auge, impulsionará este CULTO ao extremo, promovendo MISSAS em catadupa, quase dia e noite, dando origem à MISSA de jato contínuo.

Naquele MOSTEIRO de Pomposa, onde "DEUS soberano" está como no seu palácio, Guido ouve a VOZ perfeita do chantre, conforme ao ideal descrito por Isidoro de Sevilha desde o século VII, uma VOZ alta, HARMONIOSA e límpida: "Alta para poder atingir as texturas agudas, límpida para encher os OUVIDOS, HARMONIOSA para acariciar as ALMAS dos que a ouvem."

Uma VOZ potente mas suave, viril mas aguda. Uma vez por outra, Guido e os outros irmãos apressam-se lentamente com a obra de DEUS. A PROCISSÃO deles desenha uma roda majestosa em redor do ALTAR.

Entoam os SALMOS enquanto transportam as relíquias do SANTO patrono. Sob as abóbadas, à volta do pavimento em mosaico, ao longo das paredes em pedra, por entre as colunadas que separam as três naves da basílica.

Quando não está a CANTAR, Guido REZA. Rumina em VOZ alta a palavra dos SALMOS. Mói e remói as palavras como se de uma refeição suculenta se tratasse. Por certo que teria preferido uma refeição digna desse nome, já que é frequente CANTAR e ORAR de estômago vazio.

O pão-nosso do BENEDITINO é bastante frugal: favas, verduras, fruta, ovos de dois em dois dias, carne... nunca. Um naco de queijo e, várias vezes ao mês, peixe e uma "pitança" de vinho para dois. Sem esquecer os dias de jejum, em que só janta.

São tantos que os MONGES BENEDITINOS só tomam duas refeições diárias na semana entre a Páscoa e o Pentecostes. O estômago está vazio e o dia é bem comprido até às últimas ORAÇÕES, as completas, que chamam pelo regresso da luz.

Cansaço, fome... O ESPÍRITO solta-se. Nesses momentos, Guido pensa no que o preocupa e que há anos o deixa, com frequência, triste: precisamente nos CÂNTICOS, demasiado difíceis de aprender, que demoram muito a ensinar.

Guido é um pedagogo nato. Antes de mais, quer "ajudar as CRIANCINHAS", transmitir-lhes as bases da MÚSICA "de forma concisa e exaustiva".

Ao contrário de Boécio, que só gostava de teoria, Guido aprecia o concreto; pretende aliar CIÊNCIA e TÉCNICA. O seu sentido prático e habilidade de mãos fazem dele um herdeiro de Gerbert d'Aurillac, que se tornara, quarenta anos antes, especialista em TUBOS para ÓRGÃOS, INSTRUMENTO utilizado no ensino do CANTO nas ESCOLAS do seu tempo.

O "Micrologus" converte-se muitas vezes em manual de trabalhos práticos dos aprendizes de MÚSICO. "Mil anos volvidos, as suas invenções pedagógicas ainda nos deixam confundidos pelo engenho", observa Marie-Noël Colette, tradutora, do latim para francês, do "Micrologus".

Que constatou Guido, com o correr dos anos, em Pomposa? A incompetência dos mestres e a ignorância dos alunos. "Por isso tive grande pena dos nossos chantres, que, mesmo que perseverem cem anos no estudo do CANTO, continuam a não conseguir executar sozinhos uma ANTÍFONA”.

Mestres que não poupa a zombarias delicadas: "Perdem assim um tempo precioso, que poderiam aplicar no estudo das SAGRADAS escrituras." E alunos que são "severamente" castigados "quando não sabem os SALMOS" e que ele gostaria de formar em ALEGRIA.

Para eles, INVENTA as NOTAS MODERNAS. Durante séculos, a MÚSICA CRISTÃ tinha sido transmitida unicamente por via ORAL. Enriquecendo-se, o REPERTÓRIO deu origem às NOTAS*. Exclusivo PÚBLICO/"Le Monde".

2ª versão.

GUIDO de AREZZO.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

“Foto: Estátua de Guido na cidade italiana de Arezzo”.

Guido D'Arezzo (992 – 1050) foi um MONGE italiano e regente do CORO da CATEDRAL de Arezzo (Toscana), província de seu nascimento.

Foi o criador da NOTAÇÃO MODERNA, com a criação do tetragrama, encerrando com o uso de neumas na História da Música, e batizou as NOTAS MUSICAIS com os nomes que conhecemos hoje: dó, ré, mi, fá, sol, lá e si (antes, ut, re, mi, fa, sol, la e san), baseando-se em um texto SAGRADO em LATIM do HINO a SÃO JOÃO BATISTA:

Ut queant laxis

Resonare fibris

Mira gestorum

Famuli tuorum

Solve polluti

Labii reatum

Sancte Ioannes

Que significa:

"Para que teus grandes servos, possam ressoar claramente a maravilha dos teus feitos, limpe nossos lábios impuros, ó SÃO JOÃO."

A Guido d'Arezzo é também atribuído a invenção da "Mão Guidoniana", um sistema mnemônico usado para o ensino da LEITURA MUSICAL, em que os nomes das NOTAS correspondiam a partes da mão humana.

O sistema de Guido d'Arezzo sofreu algumas pequenas transformações no decorrer do tempo: a NOTA Ut passou a ser chamada de dó, para facilitar o CANTO com a terminação da SÍLABA em VOGAL, derivando-se provavelmente da proposta lançada por Giusepe DONI, nome de um MÚSICO italiano, que escolheu a primeira SÍLABA do seu sobrenome para essa nova denominação e a NOTA si (por serem as inicias em LATIM de SÃO JOÃO: Sancte Ioannes), novamente facilitando o CANTO com a terminação de uma VOGAL.

Categorias:

RELIGIOSOS da Itália.

Compositores Medievais.

Observação do escriba: Na Wikipédia existe apenas uma referência sobre Guido d’ Arezzo. Mas, a Wikipédia possui o Portal da Música Erudita.

Esta página foi modificada pela última vez às 16h14min de 8 de novembro de 2016.

Aracaju, quarta-feira, 23 de novembro de 2016.

Jorge Martins Cardoso – Médico – CREMESE – 573.

Fontes: (1) “Le Monde”, por Jean-Pierre Langellier. (disponível na INTERNET). (2) – Wikipédia.