Romance, história sem cores, capitulo seis.

Berenice saiu do quarto onde mineiro estava com as mãos no rosto, caminhou rápido para o corredor do hospital, lágrimas molhavam sua face, o semblante estava carregado de tristeza, ela sentou-se na poltrona dura do sofá que havia ali, no peito uma angústia quase insuportável, desespero e dor corroía a sua alma. O seu noivo, aquele que ela escolheu para passar o resto da sua vida, agora estava ali naquele quarto, sem memória, todo machucado, com serio risco de perder uma das pernas, a um dia do seu casamento. Berenice não conseguia acreditar que tudo aquilo estava acontecendo com ela.

Eram quase nove horas da noite e os pais de mineiro ainda não havia chegado, Berenice estava cansada, com sono e fome, e acabou esquecendo-se de ligar para o padre Alberto para dizer-lhe tudo o que tinha acontecido; Helena a irmã de mineiro, apontou naquele momento no final do corredor, passos largos quase a correr, semblante pesado e olhos molhados, Berenice vendo a cena colocou as mãos sobre o peito, na sua mente um único pensamento que predominava: meu Deus, o que foi agora, balbuciou baixinho, seus olhos ficaram ainda mais vermelhos, grossas lágrimas caiam no piso branco do hospital.

Enquanto isso, no quarto, mineiro teve outro surto de recordações, cenas de momentos da sua vida, mas que ele não conseguia assimilar.

LEMBRANÇAS.

Minas Gerais, um fusca branco para em frente a uma casa, pintura toda descascada na frente da casa, no umbral da porta uma cruz de madeira enfeitada com papel repicado e azul, três pessoas descem do fusca, um senhor, uma senhora e um adolescente quase da sua idade. Abraços apertados, o adolescente diz ser seu primo, o casal de senhores eram os tios por parte do pai. Mineiro não se lembrava deles, mesmo que forçasse sua memória, risadas eram ouvidas, aquela simpática senhora que dizia ser sua tia deu-lhe um presente, aquele ato de carinho da tia trouxe a sua memória um resquício de lembrança. Na cozinha da casa alguém fritava bolinhos, os mesmos bolinhos, a mesma sensação de já ter comido daqueles bolinhos.

Mineiro despertou repentinamente de seu surto, e uma sensação de que aquilo era algo de seu passado, no quarto onde ele estava tinha outro senhor, que havia feito uma cirurgia no ombro, o senhor já tinha sido informado que mineiro tinha perdido a memória, e prometeu a noiva que tentaria ajuda-la.

__ Olá, tudo bem com o senhor__ Perguntou mineiro.

__ Olá, como está se sentindo__ Respondeu o senhor__ você está se sentindo bem, ainda pouco você adormeceu, e aparecia estar sonhando, ficou falando coisas que não entendi tá tudo bem, você estava sonhando?

__ Para ser sincero__ Respondeu mineiro__ Acho que sim, mesmo porque não me lembro de nada do que aconteceu, não sei quem sou, nem porque estou aqui, e o porquê estou todo machucado, eu tenho visões estranhas na minha mente, algo relacionado à minha vida talvez, algumas coisas parecem conhecidas, outras não, você sabe quem sou e o porquê estou aqui?

__ Sei sim, poucas coisas, mas sei.

__ Quem te contou? Você é parente meu?

__Não nada disso, é a primeira vez que te vejo, mas a moça que ainda pouco estava com você te conhece bem.

__ Aquela moça bonita de olhos verdes.

__ Sim ela mesma, o nome dela é Berenice, ela é sua noiva e vocês se casariam amanha, mas segundo o que ela disse você foi atropelado bem de frente do seu apartamento, você foi arremessado e bateu forte com a cabeça no asfalto, é mesmo por Deus você não ter morrido, alias, meu nome é Lucas.

__ Obrigado Lucas__ Respondeu mineiro sorrindo.

Mineiro estava muito confuso, ele tentava se lembrar daquela linda moça de olhos verdes, mas não conseguia, ele apenas sentia algo de familiar quando ela tocava na sua mão, mineiro acabou adormecendo novamente, devido ao efeito forte dos medicamentos em seu organismo.

No corredor do hospital ao lado do quarto onde mineiro estava, Berenice olhava fixamente para a face assustada de Helena, a irmã de mineiro estava desesperada, ela sentou-se ao lado de Berenice, colocou as mãos sobre a face, reclinou sobre os peitos da cunhada e chorava de soluçar.

__ O que aconteceu Helena, pelo amor de Deus me diga o que aconteceu?

Entre soluços a cunhada lhe respondeu:

__ Outro acidente Berenice, outro acidente, o carro que o papai e a mamãe estava se chocou com outro veiculo, quem me deu a noticia não quis dizer mais informações, mas eu sei que boa coisa não é, porque isso Berenice, por quê? Parece até um pesadelo.

Berenice nada falou, não havia palavras para dizer, ela apenas chorou, e juntas derramaram lágrimas que palavra nenhuma pode expressar.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 23/11/2015
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