Romance, história sem cores, capitulo cinco.

_ Então doutor, como fica a situação do João Antônio, ele não reconhece mais ninguém, nem a própria noiva, nem eu que sou a irmã dele ele reconhece, é permanente isso é temporário, ele iria se casar manhã doutor, a família toda está de viagem para cá, o que vamos fazer doutor__ Disse Helena sua irmã.

__ Não há muito o que fazer Helena, seu irmão sofreu uma pancada muito forte na cabeça, por um milagre ele não teve nenhuma fratura no crânio, a amnésia foi devido o forte impacto que ele sofreu, não há muito o que fazer além de esperar e observar a evolução de seu quadro clínico, a casos em que o paciente demora a recuperar, a casos que nunca se recuperam, mas esses são mais raros, e a casos também que em menos de vinte quatro horas o paciente retoma a consciência, cada caso tem sua história, o melhor a fazermos agora é esperarmos, e não força - lo agora, evitem muitas perguntas neste momento, caso aconteça alguma evolução repentina é só mandar me chamarem ok __ Disse o doutor trauma ortopedista, Carlos Henrique.

__ Tudo bem, vou conversar com a noiva dele e assim que o restante da família chegar converso com eles também, muito obrigada doutor.

Helena sentou - se no sofá da recepção do hospital, mãos no rosto, lágrimas nos olhos, ela era a única parente de mineiro que morava em São Paulo, o restante dos parentes estavam todos em minas, a noiva de mineiro estava com ele no quarto, ainda mais triste, ainda mais desesperada que a própria irmã de mineiro.

No quarto do hospital Santa Luzia, a noiva de mineiro segurava forte a sua mão, ela não havia lhe dito ainda nenhuma palavra, e ele por sua vez, também não disse nada, ele não a reconheceu, tentava lembra-se quem era aquela linda mulher de olhos verdes que segurava em suas mãos, seu corpo ainda muito dolorido sentia os efeitos dos medicamentos, o quarto do hospital era simples e havia outra pessoa junto com ele.

Mineiro tinha uma fratura na perna esquerda, e aguardava vaga no centro cirúrgico para operar, sua noiva, Berenice, uma linda jovem de olhos verdes, desde o momento em que chegou no hospital não deixou o noivo, o médico já lhe havia advertido da amnésia do noivo, mesmo assim ela insistiu para ficar ao lado dele.

Na cabeça de mineiro vinha mil pensamentos, recordações das quais ele não sabia do que se tratava.

Lembranças.

Uma mulher alta, cabelos negros, aparentava ter uns quarenta anos, uma fazenda chamada lindoya, muitas crianças, fim de ano, a mulher o chama em um canto, ela diz ser sua tia, a mulher lhe dá um presente, uma carinho de plástico, era o primeiro que ele ganhava.

Outra mulher, dessa vez uma senhora, já de idade, nas suas mãos uma bacia cheia de bolinhos, deliciosos bolinhos, a senhora o abraça, diz ser a sua avó, mãe de seu pai; no canto da sala um senhor, ele diz ser seu pai.

Todas aquelas lembranças na sua cabeça, nada fazia sentido, uma coisa apenas deixou -lhe pensativo, aqueles bolinhos, ele tinha a sensação de já ter comido aquilo em algum lugar, mas onde? E aquelas pessoas todas nas suas recordações, seriam mesmo parentes? Perguntava mineiro a ele mesmo no mais profundo do seu inconsciente.

De repente, seu olhar fixou-se no da noiva, a primeira palavra que ele disse depois do acidente.

__ Quem é você moça? O que você faz aqui? Quem sou eu e porque estou aqui?

A resposta da noiva naquele momento foi apenas fios grossos de lágrimas correndo pela face.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 08/11/2015
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