ANDRÉ VIDAL DE NEGREIROS
ANDRÉ VIDAL DE NEGREIROS
FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
[...]
Religioso como um santo instituio perto de Guayanna a capella da Senhora do Desterro, attribuindo a intercessão dessa santa as victorias alcançadas contra os hollandezes. [...]. (MOREIRA DE AZEVEDO, 1861, p.9).
Os nossos pais e bem assim os nossos professores falavam sobre a figura histórica de André Vidal de Negreiros, nascido em 1606, natural do Engenho São João, Capitania da Paraíba, filho de Francisco Vidal de Negreiros e de Catarina Ferreira, considerado um dos principais lideres da restauração das capitanias do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco, dentre outras que ficaram sujeitas ao domínio holandês, bem como é considerado como a alma da restauração, tendo em vista ser o homem que jamais se curvou ao medo e muito menos as conveniências, nunca correu mesmo diante do poderio inimigo apesar de muitas vezes foi quase esmagado, conforme Pinto citado por Silva (2006, p. 160). Sua bravura e ou fama é reconhecida no texto da carta do Padre Antônio Vieira, enviada ao rei D. João IV, escrita na Capitania do Pará em, 6 de dezembro de 1655, onde afirma que
Tem V. M. mui poucos nos seus reinos que sejam como André Vidal; eu o conhecia pouco mais que de vista e fama [...] pelo que toca ao serviço de V. M. (de que nem ainda cá me posso esquecer) digo a V.M. que está André Vidal perdido no Maranhão, e que não estivera a Índia perdida se V.M. lha entregara.(VIEIRA, 2003, p. 455-456).
Portanto, sem sombra de dúvidas ele é considerado a alma da restauração do Brasil no enfrentamento e expulsão dos holandeses e nasceu no Engenho São João, nas imediações da atual Usina São João, de onde partiu no século XVII na então Parahyba do Norte para transformar-se no herói nacional de nossos dias. É um dentre os grandes filhos do solo santaritense e paraibano. É importante mencionar de que o
Herói brasileiro e súdito português nascido no engenho São João, Capitania da Paraíba, Brasil, chefe e inspirador da insurreição pernambucana contra a colonização holandesa no Brasil (1624-1654). Alistou-se para combater os holandeses e lutou contra esses europeus quando da invasão de Salvador na Bahia (1624). Após oito anos em Portugal e Espanha, voltou ao Brasil para lutar contra o governo do príncipe holandês Maurício de Nassau, instalado em Pernambuco e capitanias vizinhas. Voltou a se envolver no conflito participando de todas as fases da Insurreição Pernambucana (1645-1654), quando mobilizou tropas e meios nos sertões nordestinos. Considerado um dos melhores soldados de seu tempo, tomou parte, com grande bravura, em quase todos os combates contra os holandeses. Foi nomeado Mestre-de-Campo, notabilizando-se no comando de um dos Terços do Exército Patriota, nas duas batalhas dos Guararapes (1648 / 1649) ao lado de João Fernandes Vieira, Henrique Dias e Filipe Camarão. Nassau ofereceu dois mil florins por sua cabeça, e ele respondeu com uma oferta de seis mil cruzados pela cabeça do conde holandês. Herói do combate da Casa Forte, entrou em Recife com seus companheiros e, após a rendição final dos holandeses (1654), foi escolhido para levar a Lisboa a notícia da vitória e expulsão dos holandeses ao rei D. João IV (1640-1656). Foi condecorado e nomeado governador-geral e Capitão-Geral da Capitania do Maranhão e do Grão-Pará (1655-1657). Depois foi governador da Capitania de Pernambuco (1657-1661 e 1667) e de Angola, na África (1661-1666). Morreu no Engenho Novo da Vila de Goiana, Pernambuco, atual estado de Pernambuco. Na verdade, a alegada expulsão definitiva dos holandeses de Pernambuco (1654), que fora a região mais rica do mundo colonial português com sua exportação de centenas de milhares de arrobas de açúcar, não terminou com esta pontual vitória militar. Para que os holandeses não retomassem suas idéias colonizadoras no território brasileiro, foi assinado um tratado de paz bilateral em Haia (1661), em que Portugal teve que pagar à Holanda, 4 milhões de cruzados de indenização, além de entregar o Ceilão e as ilhas Molucas para o governo holandês. (BIOGRAFIAS, 2016)
O certo é que em 1637, em incursão contra os holandeses na Parahyba, ele foi ferido no peito por uma chuchada, contando então com trinta (30) anos de idade. Vale salientar de que abraçou a carreira das armas, não por interesse meramente material, mas por acendrado patriotismo, em 1625, justamente, quando se deu o primeiro assalto dos holandeses à Bahia ele foi elevado de simples soldado recruta ao posto de alferes, exercendo, porém, a profissão militar a sua própria custa. Os historiadores afirmam que ele era um homem rico. A história pátria menciona de que na heróica resistência de Pernambuco, chefiada por Martins de Albuquerque, sem felicidade, distinguiu-se como capitão ajudante, sempre foi grande na bravura e invencível na tenacidade (LIBERATO, 1914, Vol. II, p. 32-34).
A data certa do nascimento de André Vidal de Negreiros é incerta, havendo portanto, divergências neste sentido. Quanto ao fato da história mencionar de que ele era filho do Engenho São João, na Capitania da Paraíba, tal afirmativa é contestada porque
André Vidal de Negreiros apareceu em Recife, sob o pretexto transparentemente frágil de dizer adeus ao velho pai, que era um pobre carpinteiro da Paraíba, a quem estava ele tão ansioso de rever quanto eu estaria de ver o rei do Congo. (BOXER, 1961, p. 228).
A sociedade no século XVII, época do nascimento, epopéia e falecimento de André Vidal de Negreiros não era diferente da atual em termos de classes sociais e preconceitos diversificados, de modo que a fonte histórica mencionada nos informa que o pai dele era um velho carpinteiro e morador da Paraíba, todavia existem relatos que o pai dele tinha um engenho e o titulo de nobreza de cavaleiro da Ordem de Cristo e vinte mil réis de pensão (COSTA, 1952, vol.3, p.447). Portanto, assim sendo, cai por terra o argumento do mesmo ser pobre carpinteiro e sem posses, tendo em vista que pertence a classe social dominante. Assim sendo, o confronto historiográfico sobre o fato de ser nobre e ou não a família paterna do herói mencionado ainda não se esgotou e que poderá voltar à tona a qualquer instante dependendo, sic, sempre de fonte ainda não conhecida e por isso não pesquisada. A dúvida continua para se saber quem estar falando a verdade e ou não.
A fonte histórica, sic, procura assim desqualificar os seus vencedores na paz e na guerra, tendo em vista que André Vidal de Negreiros e seus companheiros não aceitaram o perdão e a rendição oferecida pelo domínio da Holanda, o que se comprova com a edição da
“Carta dos holandeses, oferecendo o perdão a todos os rebeldes que se renderem a seu domínio e respostas dos brasileiros, João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros, Antônio Felipe Camarão e Henrique Dias, em nome de todos os defensores do Brasil na luta contra a Holanda” (CARTA DOS HOLANDESES, 1648).
O que é muito natural ainda nos dias atuais. E até porque ninguém deve pagar pelo passado de seus familiares. A pobreza não é um câncer que se nasce, vive e morre com ele. A classe social em que nasceu o grande herói não importa para sua ascensão na vida pública, não existe demérito em ele ter nascido filho de senhor de engenho e ou filho de um modesto carpinteiro e ou cortador de cana. A dignidade não tem preço em qualquer situação. Importa sim não ser corrupto e muito menos corruptor, é justamente o que deduzimos da figura do herói André Vidal de Negreiros e seus companheiros, haja vista que todas as cartas recebidas por eles, in loco foram encaminhadas ao rei lusitano para que delas ele tivesse conhecimento e ciência própria, conforme
Parecer do Conselho Ultramarino ao rei de Portugal a respeito das cartas enviadas a André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira. Lisboa,24/10/1647.(ALBUQUERQUE;CASTILHO; MONTALVÃO, 1647).
Assim sendo, importa em ele ser um homem livre e de bons costumes da Capitania da Paraíba e com atuação praticamente em todo o nordeste do Brasil no século XVII, homem de fibra, bravo e ostentador de “sucesso da guerra dos portugueses, levantados em Pernambuco contra os holandeses” (NEGREIROS; SOARES, 1646), daí vem o argumento historiográfico holandês de que ele era capitão-do-mato, filho de pai carpinteiro, pobre na forma da lei, querendo com isso dizer que ele servia a uma classe social a qual ele próprio não pertencia. Esse argumento é falso em sua essência epistemológica e desprovida de qualquer amparo documental. É o fato dito porque quem disse queria dizer que ele era assim e ou assado, Deus e ou o Diabo na terra da lua e ou sol. Isso é mera ilação e ou lenda de quem não tem o que dizer a favor e ou contra uma pessoa que viveu com dignidade e honradez, conforme sua biografia escrita em 1861, portanto no século XIX, que
Hoje, que três séculos nos separam de André Vidal de Negreiros, vemos o seu nome cercado cada anno, cada século, de mais fama e gloria; parece que cada dia torna-se mais verde, mais bella, a coroa immortal que lhe cinge a fronte [...]Isso é fato e contra fato não se tem argumento, pois “desde então tornou-se elle o guia de todos, o chefe dos seus, o heroe desse punhado de guerreiros, que se levantara contra os inimigos da sua terra. (MOREIRA DE AZEVEDO, 1861, p. 6-7)
Nem por isso se pode tirar sua valentia, nativismo e heroísmo de caráter nacionalista da futura nação brasileira, cujo nativismo nasceu de sua lealdade e de seus honrados comandantes e comandados, é por isso que ele é acima de tudo e de todos um dentre os demais heróis na construção da Pátria que ele não a conheceu em vida, tendo em vista que nossa terra naquele tempo pertencia ao domínio lusitano, de modo que
O ajudante André Vidal de Negreiros [...] com esforço singular e singular fortuna, principiando a crescer nos postos por que foi subindo a mestre-de-campo e aos governos do Maranhão, Pernambuco e Angola, não teve pequena parte, assim no trabalho como na glória de quanto se foi obrando na guerra e na restauração do Brasil. (FREIRE, 2001, p. 236-237)
E isso é fato histórico. Sabe-se que ele foi um dos maiores intrépidos defensores da Capitania da Bahia. É importante mencionar de que revoltado contra o domínio batavo, João Fernandes Vieira agita um dia Pernambuco contra os holandeses chefiados pelo Conde Mauricio de Nassau, e André Vidal de Negreiros, tomou conhecimento do fato, resolveu entrar em território pernambucano, fingindo nada ter com o governo português, toma a chefia militar da revolução, ganha a batalha de Casa Forte, no Recife, mostrando-se mais uma vez inimitável na bravura de guerra, na abnegação e na tenacidade. Foi aconselhado por D. João IV a abandonar Pernambuco ao domínio holandês, não conhecia então obediência, mandado, porém, um outro general, Barreto de Menezes, contra um tal domínio, e o heróico lidador era todo obediência. Queria a independência e grandeza da Pátria do Brasil. Distinguiu-se na batalha dos Guararapes, como na tomada de Recife, sua presença foi marcante. Foi, em fim, o principal elemento de expulsão dos holandeses do Brasil como um todo. Encarregado de levar a grata noticia a Lisboa, aí chegou a 19 de março de 1654, sendo recebido com grandes honrarias pela Corte Portuguesa. Ganhou então foro de grande fidalgo da casa real, do conselho de guerra e a de Cristo, as alcaidarias móres das vilas de Marialva e de Moreira, foi confirmado no posto de capitão general e governador do Maranhão. Mais tarde foi governador de Pernambuco e finalmente de Angola. Dotado de grande inteligência e de superiores qualidades morais, de um verdadeiro homem de guerra, Vidal de Negreiros foi sem questão um dos mais hábeis generais do seu tempo, e, no dizer insuspeito do celebre Padre Antonio Vieira, havia ele todas as virtudes e habilidades, só lhe faltando fazer versos. O certo é que ele viveu no mundo dos engenhos na várzea do Paraíba, participando direta e indiretamente da fundação de vários deles, dentro da incerteza sempre presente, envolvendo terras férteis para o plantio da cana-de-açúcar e a mão de obra escrava no século XVII, poucas décadas após a fundação de Filipéia de Nossa Senhora das Neves em, 5 de agosto de 1885, inclusive das incursões dos índios contra os colonos e vice versa, bem assim das invasões de corsários europeus, dentre os quais podemos citar o caso da invasão holandesa no Brasil. E não foi diferente os conflitos envolvendo as ordens religiosas, dentre as quais a Companhia de Jesus contra os próprios colonos e selvagens no processo de catequização, sem dispensar o controle da mão-de-obra indígena, com força regimental, onde eram
[...] favorecereis muito aos Religiosos e Pregadores, e a todas as outras pessoas Eclesiásticas que nele hão de tratar da conversão dos Infiéis, procurando que sejam muito respeitados dos Portugueses, e de toda a outra gente [...]. (MENDONÇA, 1972, p.700).
A principal meta da igreja através de seus religiosos era promover a conversão dos infiéis ao catolicismo sem abrir mão do trafico negreiros da África para o Brasil, na época comercio que garantia grandes lucros, tendo em vista o uso da mão-de-obra dos escravos negros na plantação e coleta da cultura da cana-de-açúcar. E foram muitos os conflitos que tiveram a participação direta e indireta de André Vidal de Negreiros e da Companhia de Jesus, de modo que ano de 1661, a referida ordem religiosa foi expulsa do Maranhão pelos colonos descontentes, época em que o mesmo já estava sendo governador da Capitania de Pernambuco, desde 1657, representando a política dos senhores de engenhos e tentando recuperar a economia da açucarocracia naquela importante capitania do império lusitano. Tanto é assim que foi enviada a “Carta ao rei de Portugal tratando dos abusos cometidos por André Vidal de Negreiros no governo de Pernambuco”(MENESES, 1658).
Em 1765 André Vidal de Negreiros se encontra em Luanda e continua tendo como ideologia e ou política o pensamento do Padre Antônio Vieira, o que serviu para enfrentar o pensamento do governo do rei Dom Antônio I, do Congo, o Mani Maluza, que vivia submetendo a população que discordasse de sua orientação, tal como lealdade obrigatória aos chefes aliados e submissão a ferro e a fogo os inimigos seus. O referido rei foi derrotado e assassinado por Vidal de Negreiros e suas tropas na Batalha de Ambuila, através da anuência religiosa o que viabilizou a acusação de caráter cismático e idolatra, o justificou a invasão contra o referido rei. Assim sendo, depois de Ambuila o reino do Congo foi literalmente divido por lutas e ou questões intestinais, onde prevaleceu os interesses dos mercadores de escravos (ALENCASTRO, 2000). E assim sendo, diante da conclusão de sua missão do outro lado do Oceano Atlântico, regressou ao Brasil, desembarcando na Capitania de Pernambuco em 1667, em cuja capitania os senhores de engenhos tinha prendido em 1666 o governador Jerônimo de Mendonça Furtado, e bem assim mandado o mesmo de volta para Portugal com um rosário de queixas ao rei Afonso III, segundo consta da “[Consulta do Conselho Ultramarino ao rei de Portugal, á respeito da representação de Jerônimo de Mendonça Furtado, contra os oficiais da Câmara, que o expulsaram do governo]”. (CONSULTA DO CONSELHO ULTRAMARINO, 26/10/1667). A aristocracia representante da açucarocracia nordestina nunca brincou contra seus algozes, toda vida defenderam seus interesses empresarias e sociais, tanto é assim que escolheram livremente André Vidal de Negreiros para assumir o governo da Capitania de Pernambuco, para evitar maiores prejuízos com a tensão política e administrativa gerada com a coroa lusitana. Governou Pernambuco pela segunda vez e por pouco tempo até o rei de Portugal nomear o seu sucessor sem causar-lhe qualquer tipo de constrangimento, levando em consideração o fato do mesmo representar a aristocracia dominante. Terminada a referida gestão, recolheu-se ao seu Engenho Novo de Goiana, Estado de Pernambuco, de onde pessoalmente passou a administrar seu vasto patrimônio particular, onde também escreveu seu testamento. Era religioso como um santo e atribuía suas vitórias a Nossa Senhora do Desterro, motivo pelo qual deixou parte do seu patrimônio para o morgado e capela que leva o nome da referida senhora mãe de Jesus Cristo, atual padroeira da cidade de Itambé, Estado de Pernambuco, cujo morgado ficou instituído a favor de seu Matias Vidal de Negreiros, o único dentre os demais filhos naturais que requereu judicialmente e obteve o reconhecimento oficial de sua paternidade após a morte de André Vidal de Negreiros, motivo pelo qual foi anulado o testamento e acendeu a luz da desavença com os demais herdeiros e descendentes, motivo pelo qual o referido patrimônio aos poucos foi sendo dilapidado e desapareceu completamente. A confusão envolvendo o herdeiro legítimo Matias Vidal de Negreiros e os herdeiros naturais, dentre outros, chegou até o reino lusitano, a começar pelo
Recife, 15 de setembro de 1726 . 3147 - CARTA DO BISPO DE PERNAMBUCO, [D. JOSÉ FIALHO], sobre ordem para cobrar ao sargento-mor Matias Vidal de Negreiros os legados que o governador André Vidal de Negreiros deixou em testamento, e da obrigação que ele tem em reedificar o engenho de São João na capitania da Paraíba.(ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO, 1726)
Onde denuncia que Matias Vidal de Negreiros não cumpriu a obrigação de reedificar o engenho São João na Capitania da Paraíba, cujas ruínas atualmente se encontra nas imediações da atual Usina São João que foi construída em suas terras. Por outro lado o sargento-mor Matias Vidal de Negreiros, requereu a D. João V, então imperador de Portugal,
“641 – [ant. 1730, setembro, 19, Paraíba] - REQUERIMENTO do sargento-mor Matias Vidal de Negreiros, ao rei [D. João V], solicitando mandar que, pelo juízo secular competente, se tome contas dos rendimentos e encargos da capela que seu pai, André Vidal de Negreiros, instituiu de todos os bens em seu testamento, dando-se ao suplicante os alimentos devidos; e ordenar a devassa do caso de furto feito na sepultura de seu pai”.(ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO, 1730).
Denuncia assim ao soberano lusitano de que precisa receber os alimentos devidos e instituídos por seu pai em seu testamento e bem assim clama para que Sua Majestade ordene a devassa do caso de furto feito na sepultura de seu genitor André Vidal de Negreiros, na Capela do Engenho Novo, em Goiana, Pernambuco.
E até porque é bíblico todo reino dividido é destruído. Isso é fato e contra fato não se tem argumento. E assim sendo, cai por terra o argumento histórico holandês de que André Vidal de Negreiro era filho de um carpinteiro, que se tornou capitão-do-mato, gente sem classe social, tudo isso porque
[...] Depois de ter derrotado os hollandezes no Rio Grande e na Parahyba, coberto de gloria, e abençoado pelo povo, volta a Pernambuco. Os perigos o esperam, mas sabe vencel-os ; faz da guerra uma estrada de triumphos. .Tomando o forte, seguio-se a capitulação. Depois de ter conferenciado com o inimigo, fazendo todos os esforços para incluir no tratado de paz a terra do seu berço, a Parahyba, assigna o tratado de 1654, pelo qual os hollandezes entregaram a praça do Recife com todas as suas defensas, as capitanias de ltamaracá, Rio Grande e Parahyba [...]. (MOREIRA AZEVEDO). (Transcrevemos com a ortografia da época).
A conduta moral, nativista e nacionalista por si e seus comandados se fazia presente em todos os seus planejamentos presentes e futuros sem interesses materiais e passageiros a exemplo de conduta patrocinada por delação premiada de nossos dias. Ao contrário o santaritense, paraibano e brasileiro,
“André Vidal era homem tão superior que necessitara um Plutarco para apreciá-lo. Enquanto empreendeu, sempre com muito esforço e valor, não levara a mira no prêmio, nem talvez nesse mesmo fantasma da glória que tantas vezes nos embriaga; tudo fez pelo zelo e amor do Brasil, ou por caridade cristã”. (VARNHAGEN, 1975, p. 94).
E recebeu o reconhecimento do Padre Antônio Vieira, homem religioso da Companhia de Jesus e cheio de esperanças, ao mencionar que o território indiano não estava perdido depois de conquistado por Portugal se lá existe alguém da postura de André Vidal de Negreiros. É que o nosso herói governou as Capitanias de Pernambuco (duas vezes), Maranhão e Angola, entre as décadas de 1650 a 1667, do século XVII, trajetória voltada para a reorganização da cultura da cana-de-açúcar, da questão indígena e disputas diversas por jurisdição nas instancias do poder colonial lusitano. Faleceu em 3 de fevereiro de 1680, com 74 (setenta e quatro) anos de idade, no Engenho Novo, em Goiana, Capitania de Pernambuco. Os seus últimos anos de vida foi voltado para a prática de obras sociais e ou filantrópicas, inclusive mandou construir a Igreja de Nossa Senhora do Desterro, nos limites de Paraíba e Pernambuco, atuais cidades de Pedras de Fogo e Itambé. Tendo em vista a sua vida volta para a guerra ficou deficiente de uma de suas pernas em combate. Declarava-se ser solteiro, sem herdeiros, porém, deixou grande parte de seu patrimônio em testamento feito e assinado de próprio punho para sua família, religiosos e agregados. Ao afirmar que era solteiro, não quer dizer que ele não tivesse filhos, porque para se ter filho não é preciso ser casado, embora que seja filho natural e ou adulterino, não aceitos perante a doutrina da Igreja Católica, pela própria sociedade e principalmente por ser ele um homem de alta sociedade, muito religioso, o que o fez declarar em seu testamento que não deixa herança de sangue diretamente, para poder manter sua casta, família, ascendência, descendência e/ou parentesco arranjado fora do casamento, dentro da visão social do século XVII. (BLUTEAU, 1733, vol.7, p.473). A história registra que os bens não se passavam apenas de pai para filho, tendo em vista tais bens ficavam no circulo dos parentes, afilhados, compadrios e outros conhecidos contemplados em testamento formal antes da morte de seu instituidor. O sangue enquanto substancia nobre e liquida une o corpo a alma. Isso significa afirmar de que “a hereditariedade das qualidades supostamente assegurava a perenidade da ordem social”, uma vez que “todo nascimento comportava um risco: o de uma ruptura, do surgimento de um ser diferente do pai”,segundo Jouanna (2011,p.30-33). Foi sepultado na capela do referido engenho até 4 de agosto de 1942, quando os seus restos mortais foram transladados por determinação da Arquidiocese de Oliveira e Recife, do Governo de Pernambuco e do Comando da Sétima Região Militar no Nordeste, para a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, edificada nos históricos montes do atual município de Jaboatão dos Guararapes, em cuja localidade foram travadas as batalhas em 1648 e 1649, ambas decisivas para a rendição e expulsão dos holandeses de Pernambuco em 1654. E através de Lei Federal nº 12.701, de 6 de agosto de 2012, determina a inscrição do nome de André Vidal de Negreiros, dentre outros, no Livro dos Heróis da Pátria. (DOU, 07/08/2012).
O testamento do patrimônio de André Vidal de Negreiros, obedeceu todas as formulas da legislação cartorial e religiosa, foi instituído no dia 14 de maio de 1678, onde existe o equilíbrio em sua distribuição hereditária entre seus filhos naturais e ou adulterinos: Catarina Vidal de Negreiros; Matias Vidal de Negreiros; Padre Manuel Vidal de Negreiros e Frei Francisco Vidal de Negreiros (Frei Francisco da Madalena). Em observando pela simples leitura do testamento verifica-se que todos os beneficiados de seu vasto patrimônio não estão ali identificados como seus parentes e ou amigos, com exceção da afilhada D. Catarina Vidal de Negreiros. Vale salientar de que apenas Matias Vidal de Negreiros foi reconhecido como filho legitimo de André Vidal de Negreiros (ORDENAÇÕES, 1870, livro 4, título 82-92). E a negativa de tais paternidades estão presentes no testamento mencionado, embora quando se refere a Frei Francisco Vidal de Negreiros (Frei Francisco da Madalena, prior da Ordem Carmelita em Olinda), ao mencionar que “[...] quando ele nasceu, era eu Capitão de Infantaria na cidade da Bahia, e havia sido Alferes e Ajudante da mesma Infantaria muitos anos; além de eu ser nobre e viver sempre na Lei da nobreza [...]” e até porque ele reconheceu Francisco como filho legitimo, declarando sua paternidade para que o mesmo se habilitasse na Ordem de Cristo como nobre e fidalgo, embora contestasse a mesma. (ANTT, HOC, letra M, Mc, 48, doc. 19, sd). Assim sendo, diante de tal reconhecimento de sua paternidade tornava-se nulo o testamento que seu genitor fez e assinou, o qual passamos a transcrevê-lo na íntegra:
“Declaro que sou natural da Cidade da Paraíba, filho de
legítimo matrimônio de Francisco Vidal, natural da Cidade de Lisboa,
e de Catarina Ferreira, natural de Porto Santos, os quais são
falecidos da vida presente, e que sou solteiro, e nunca fui casado e
nem fiz promessas de o ser.
Declaro que não tenho herdeiro nenhum forçado que haja de
herdar minha fazenda; pelo que instituo por minha herdeira universas
a minha alma, de todos os meus bens que se acharem me pertençam
líquido monte, cumprindo-se me tudo as dotações que tenho feito à
minha Capela, invocação de N. S. do Desterro, sita nos meus Currais, à
qual doei e dotei os bens nela declarados; e dos que se acharem fora
das ditas doações, meus Testamenteiros disporão delas na forma que em
meu Testamento ordeno; porque minha última vontade é que inteiramente
se guarde as ditas doações e instituição da Capela; e se necessário é
para sua validade por esta minha última vontade, confirmo tudo que
nas ditas escrituras tenho posto, e no mais que parecer melhor a meus
Testamenteiros que abaixo nomeio, os quais me farão os mais sufrágios
que aqui nomear.
Declaro que instituo por meus Testamenteiros os Revs. Padres
Manuel Vidal de Negreiros e Antonio de Souza Ferraz, Sacerdotes do
hábito de S. Pedro, e em sua ausência ao Procurador da S. Casa de
Lisboa, a quem peço e rogo pelo amor de Deus queiram aceitar serem
meus Testamenteiros, aos quais e a cada in solidum dou todo poder que
em direito posso e for necessário, para dar dos meus bens, tomarem e
acudirem o que necessário for para o meu enterramento e cumprimento
dos meus legados e paga das minhas dívidas.
Declaro que tenho cinco engenhos, quatro d'água com todas as
terras, partidos, pastos, lenhas, escravos, cobres, bois e tudo o
mais necessário; dois na Capitania da Paraíba, da invocação S. João
Batista e Engenho Novo de S. Antonio; e assim mais outro Engenho Novo
de S. Antonio em Goiana e o Engenho S. Francisco na Várzea de
Capibaribe de Pernambuco, e assim mais um Molinote na ribeira de
Goiana, invocação de N. S. da Conceição, que tenho arrendado ao
sargento-maior Francisco Camelo Valcassar, por cada ano quatrocentos
mil réis, pagos em açúcar posto no Recife e como valer na praça.
Declaro mais que tenho vinte Currais de gado vacum com os
escravos necessários nestas terras em que se podem pôr mais Currais,
os quais comprei a Manuel Correia Pestana e ao Dr. Simão de Lapenha,
como consta das escrituras e títulos; assim mais tenho as terras de
Caricé que comprei aos Araújos, onde tenho eu mais Currais com
escravos e bois necessários para serrarem caixões e lavrarem
mantimentos para maneio dos Engenhos; assim mais tenho uma sorte de
terras na ilha de Teriri em que tenho uma rede com um mulato e quatro
ou cinco peças de escravos.
Declaro que, além destes Currais, deixei mais um junto à
Ermida de Nossa Senhora, que lhe dei quando levantei a dita Capela,
para a fábrica da dita Igreja.
Declaro que tenho comprado na ribeira de Mamanguape uma sorte
de terras ao Capitão Duarte Gomes da Silveira, em que tenho uma
serraria com escravos e bois.
Declaro que tenho uns chãos no Recife, da banda do mar, junto
às casas de Antônio Ferreira Rabelo, que comprei ao Capitão André
Gomes Pena e a seu irmão o Cheira-dinheiro, por alcunha; e assim mais
uma sorte de terras na praia da Barreta que houve de João de Mendonça
Furtado; assim mais três braças de terra que comprei ao alferes
Francisco Fernandes Beija e a sua cunhada.
Junto às terras dos meus Currais comprei uma sorte de terras
a Álvaro Teixeira de Mesquita, o Moçambique, junto ao seu açude, em
que está um curral de gado com seus escravos, que dei ao Padre Manuel
Vidal de Negreiros, para seu patrimônio.
Tenho mais uma data de terras de dez léguas em quadro na
Paraíba, dada pelo Conde de Atouguia, e outras datas mais, que partem
com elas, que me deu o Capitão-mor que foi da Capitania da Paraíba,
Luiz Nunes de Carvalho.
Também tenho para a parte da Paraíba uma sorte de terras em
Jurupiranga para gado que comprei com o Engenho Novo de Santo Antônio
de Goiana, que pertence à Capela.
Declaro que tenho na Cidade da Paraíba umas casas de sobrado
e uns chãos juntos delas, e uma pedreira com um forno de cal com toda
terra que vai correndo até o rio Paraíba.
Declaro que destes bens que possuo tenho dado e vinculado à
instituição da Capela de N. S . do Desterro dos meus Currais, onde me
hei de recolher com alguns Sacerdotes, o Engenho Novo de S. Antônio de
Goiana, com todas as suas terras, parte dos cobres, bois e peças de
escravos, e tudo o mais pertencente ao dito Engenho; e assim mais
terras do Caricé que comprei aos Araújos, onde tenho uma serraria e
lavouras de roças com todas as peças d'escravos, bois e carros; e
assim mais lhe doei os vinte Currais de gado vacum que nos limites de
Terra Nova e Tirite na Capitania de Itamaracá e rio da Paraíba, com
todos os escravos e terras em que se podem pôr mais Currais, como
tudo se acha nas escrituras.
Declaro que também tenho dado e doado à dita Capela o Engenho
S. João, sito na Capitania da Paraíba, com todas as terras, partidos,
cobres, escravos e bois, e tudo o mais pertencente a ele; e assim
mais as terras de Mamanguape que comprei retro aberto ao Capitão
Duarte Gomes da Silveira, onde tenho uma serraria com peças e bois
para maneio dos ditos Engenhos doados à Capela.
Declaro que tenho dado à minha afilhada D. Catarina Vidal de
Negreiros o Engenho de S. Francisco, sito nesta Várzea de Capibaribe
com todas as terras e partidos, cobres, bois e peças; e tudo o mais
pertencente a ele; como também as terras que comprei ao Capitão
Antônio Cavalcanti de Albuquerque, junto ao açude de Álvaro Teixeira;
o que tudo lhe dou pelo amor de Deus, para bem de seu casamento,
assim por ser minha afilhada de batismo, como pela ter criado; com as
condições e cláusulas na escritura que lhe fiz da doação do dito
Engenho de São Francisco.
Declaro que, do dito Engenho, deixei que de seus reditos se
dessem dois mil cruzados ao alferes Francisco de Freitas Vidal, pelo
amor de Deus, os quais se lhe darão ainda que D. Catarina Vidal de
Negreiros não case e nem seja Freira, de qualquer sorte ordeno aos
meus Testamenteiros lhe dêem dois mil cruzados dos rendimentos do
dito Engenho de S. Francisco; e no caso de que a dita D. Catarina não
tome estado, porque tomando-o ela, ou seu marido lhe satisfarão a
duzentos mil réis em cada ano, em açúcar e como valer nesta praça do
Recife.
Deixo duzentos mil réis em cada ano a Matias Vidal de
Negreiros, enquanto for vivo, os quais lhe deixo pelo amor de Deus, e
por se achar criado em minha casa; os quais duzentos mil réis pagarão
meus Testamenteiros do rendimento do dito Molinote N. S. da Conceição.
Deixo e ordeno ao Padre Manuel Vidal de Negreiros, como meu
Testamenteiro, pelo trabalho que há de ter nas disposições dos meus
legados, que tome para si duzentos mil réis em cada ano, enquanto ele
viver, do rendimento do dito Molinote da invocação de N. S. da
Conceição, os quais duzentos mil réis, além do seu trabalho, deixo
pelo amor de Deus, pelo haver criado em minha casa; e por sua morte e
de Matias Vidal de Negreiros, passará o dito Molinote à Capela que
tenho instituído de N. S. do Desterro dos meus Currais, para o
administrador da mesma Capela repartir o rendimento dele, na forma em
que ordeno na escritura da instituição respectiva.
Declaro que, sendo o caso que Deus faça de mim alguma coisa
antes da minha afilhada D. Catarina Vidal de Negreiros tomar estado,
ordeno que meus Testamenteiros lhe dêem todo o necessário dos
rendimentos do Engenho S. Francisco, para seu sustento e vestir, até o
tomar, com toda a largueza; e se Deus a tomar para si antes de o
fazer, meus Testamenteiros lhe farão bem por sua alma, e darão a sua
mãe Isabel Rodrigues, quatro peças de escravos pelo amor de Deus e
pelos bons serviços que tenho recebido dela, além do negro Rodrigo
Sapateiro, que lhe dei quando casou.
Declaro que Fr. Francisco Vidal ou da Madalena, Religioso
Carmelitano, que serviu de Prior no Convento do Carmo da Vila de
Olinda, e agora está servindo de Provincial de sua Religião, é filho
de Inês Barroso, pessoa que era naquele tempo casado com Gaspar
Nunes, e quando nasceu era ainda vivo o dito Gaspar Nunes; e viveu
ainda depois muitos anos, como consta das provações que da Majestade
lhe mandasse tirar quando lhe fez mercê do hábito de Cristo, dizendo
na Provisão que supria nos impedimentos dele Fr. Francisco Vidal, ser
filho de mulher casada, como consta também por um sumário de
testemunhas que a meu requerimento se tiraram ad perpetuam rei
memoriam. Os meus Testamenteiros darão clareza de tudo, e suposto que
se dizia que ele era meu filho, nunca o tive por esse; e se que fora,
nunca podia ele nem a Ordem herdar de mim, assim por ser filho
adulterino, como porque quando ele nasceu, era eu Capitão de
Infantaria na cidade da Bahia, e havia sido Alferes e Ajudante da
mesma Infantaria muitos anos; além de eu ser nobre e viver sempre na
Lei da nobreza; mas por se haver criado em minha casa o dito Padre
Fr. Francisco ordeno a meus Testamenteiros lhe dêem cem mil réis todos
os anos enquanto ele for vivo somente; os quais lhe pagarão do
rendimento do Engenho Novo de S. Antônio da Paraíba, que comprei ao
Capitão Duarte Gomes da Silveira.
Deixo ao meu sobrinho Antônio Curado Vidal, as Comendas que
S.Majestade me tem dado, assim a de S. Pedro do Sul em que estou
encartado, como as demais que tem feito mercê e promessa; e assim
mais meus serviços, e peço a S. Alteza que, atendendo aos muitos e
bons serviços que tenho feito à Coroa de Portugal, lhe faça todas
estas mercês e o queira honrar com outras muitas mais avantajadas; e
assim lhe deixo mais dois mil cruzados, que lhe pagarão da venda ou
rendimentos do Engenho Novo de S. Antônio da Paraíba, que comprei a
Duarte Gomes da Silveira, em açúcares a duzentos mil réis cada ano, e
como valer na praça do Recife; e lhe deixo mais meu espadim de prata.
Deste modo houve eu por acabado este Testamento, e esta é a
última e verdadeira minha vontade; e revogo e hei por revogados
quaisquer outros Testamentos e Codicílios que antes deste tenha
feito, os quais não quero que tenham força ou vigor, e só este quero
que valha; e peço e rogo às Justiças de S. Alteza, assim eclesiásticas
como seculares, façam cumprir e guardar este meu Testamento, assim e
da maneira que nele se contém, que fiz e assinei com a minha própria
mão, sendo testemunhas as pessoas abaixo nomeadas, e assim em dia e
ora acima. André Vidal de Negreiros.
Declaro que tenho mais uma sorte de terras em Goiana, entre o
Engenho do Jacaré e terras de João Pacheco, e que comprei aos
Morenos, que também deixo à Capela. André Vidal de Negreiros.” (MACHADO, 1977,v.1, p. 313-322). E além do mais o seu longo e judicioso testamento, escrito de próprio punho, a 14 de maio de 1678, está publicado no nº 14 da Revista do Instituto Arquiológico Pernambucano.
Em síntese, no centro da atual capital da Paraíba, o Poder Público fez construir a Praça André Vidal de Negreiros, sonhado por Liberato Bittencourt em 1914 e tantos outros defensores de que o nosso herói nacional deveria ser sempre lembrado para as novas gerações, tendo em vista a rendição dos holandeses em 1654, cuja noticia vitoriosa da expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil foi levado por ele ao rei D. João IV, que o condecorou e nomeou governador geral e capitão geral da Capitania do Maranhão e Grão-Pará (1655-1657), em seguida foi governador da Capitania de Pernambuco, em dois períodos (1657-1661 e 1667), bem como governador de Angola, na África no período de 1661 a 1666. Para evitar nova invasão holandesa ao Brasil, Portugal assinou um tratado bilateral em Haia no ano de 1661 e pagou a indenização de quatro milhões de cruzados, bem como entregou as Ilhas Molucas e o Ceilão a Holanda, apesar da rendição e expulsão dos holandeses de Pernambuco em 1654, que se diga de passagem que o nordeste brasileiro foi à região mais rica do mundo colonial lusitano, em termos de produção e exportação de milhares de arrobas de açúcar para o Continente Europeu e outras partes do mundo. É esse o cenário onde nasceu, viveu, fez história e faleceu em 3 de fevereiro de 1680, o herói brasileiro, paraibano e santaritense André Vidal de Negreiro, no Engenho Novo de Santo Antônio de Goiana, em cuja capela foi sepultado, na Vila de Goiana, Estado de Pernambuco (BARBALHO, 1982, p-25-31). Sua vida serve de exemplo para ser seguida por todo e bom brasileiro.
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