GUSTAVE FLAUBERT: UM ARTISTA DA PALAVRA

"É preciso que o espírito do artista esteja como o mar, bastante vasto para que não se vejam os limites, bastante puro para que as estrelas do céu reflitam até o fundo."
(Gustave Flaubert).
     Gustave Flaubert nasceu em 12 de dezembro de 1821, em Rouen. Sua mãe era filha de um médico e pertencia a uma família da Baixa-Normandia. Seu pai era de origem campesina, homem simples e correto, eminente cirurgião e diretor da Santa Casa de Rouen. Embora considerasse o ofício de escritor uma profissão de homem preguiçoso e inútil, não se indignou diante do pendor do filho para as letras.
     Flaubert, por mais incrível que possa parecer, aprendeu a ler com muita dificuldade e mal conseguia fazê-lo aos nove anos, quando iniciou sua vida escolar. Teve uma infância tristonha, pois além de ter perdido três irmãos ainda pequenos, sua família morava numa das alas do hospital em que seu pai trabalhava. Sua principal paixão era ouvir as histórias que lhe contavam. Nessa fase, embora ainda não soubesse escrever, já compunha peças teatrais que ele encenava sozinho, interpretando os diversos papéis. Tinha aversão aos exercícios físicos, por estes não lhe parecerem um ato filosófico.
     Na juventude, apesar de sua beleza, não vivia em companhia das mulheres, as quais representavam para ele um grande mistério. Aos vinte e dois anos, começou a sofrer de crises epiléticas que, embora não lhe tenham causado problemas físicos ou cognitivos, podem ter afetado seu espírito e seu comportamento.
     Em janeiro de 1846, perde o pai e, dois meses depois, a irmã Caroline, que morreu ao dar à luz uma menina. Refugiou-se no campo em companhia da sobrinha e de sua mãe. Viveu ali até o final da vida em regime de isolamento dedicado à escrita.
     Em outubro de 1856, o romance Madame Bovary começa a ser publicado na Revue de Paris, tendo sofrido censura de algumas passagens consideradas " escabrosas" por contrariar a ordem burguesa, as convenções sociais e a moral católica.
     Vale destacar que o referido romance levou cinco anos para ser concluído, haja vista o perfeccionismo do autor que, escrevia a mesma frase várias vezes, demorando-se até cinco dias para escrever uma página. Para ele, o artista deve estar procupado, primeiramente, em criar o belo .Segundo Guy de Maupassant, ao escrever esse romance, Flaubert agiu mais com a inteligência e compreensão do que por intuição, como faziam os grandes escritores da época. Ele conseguia fazer, através de uma linguagem admirável, nova, precisa, sóbria, sonora, um estudo de vida humana profundo, surpreendente, completo." (MAUPASSANT,1990, p.29).
     Gustave Flaubert, mesmo tendo recebido, em vida, o reconhecimento de sua obra, passou grande dificuldade financeira, em seus últimos anos de existência, sendo obrigado a vender suas propriedades, para ajudar sua sobrinha, cujo marido falira. Assim, esgotado com o excesso de trabalho e preocupações, no dia 8 de maio de 1880, vítima de uma hemorragia cerebral, "tombou fulminado, ao pé de sua mesa de trabalho, morto por ela, a Literatura, morto como todos os grandes apaixonados que sua paixão sempre devora." MAUPASSANT, 1990, P.89).

BIBLIOGRAFIA:
FLAUBERT, Gustave. Cartas exemplares. Tradução de Carlos Eduardo de Lima. 2ed. Rio de Janeiro: Imago, 2005, p. 73.

GAY, Peter. O Século de Schnitzler: A formação da cultura da classe média - 1815-1814. Tradução de S. Duarte. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

JAMES, Henry. Gustave Flaubert. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2000.

MAUPASSANT, Guy. Gustave Flaubert. Tradução de Betty Joyce. Campinas, São Paulo: Pontes, 1990, p 22 -89.
























 
Lídia Bantim
Enviado por Lídia Bantim em 19/11/2011
Reeditado em 27/08/2016
Código do texto: T3344150
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