Um estranho

O desenho vazio da tarde;

amigos que eu nunca mais vi;

o silêncio entediante

(ainda ouço vozes por todos os lugares)

o tempo mudo,

pintado em preto e branco;

noites que não clareiam,

esses desertos meus;

dias escuros.

Do outro lado,

o espelho da sala envelhecida;

rostos mortos,

que só eu posso ver;

e a vida,

que segue vazia pelas ruas;

sem destino,

aprisionada ainda,

em solidão.

A sorte é o que inspira a vida;

a traição,

ri pr'os amores sem graça.

E esse choro preso

com cadeados abertos,

água com sal que rola dos olhos,

pela noite, pela manhã.

Em minhas falsas promessas,

juro não ser mais de ninguém.

A tinta preta da caneta

escreve tristeza pelos sonhos;

nestes versos sem nome.

Há tantas noites

em que não durmo!

Há tanto tempo,

em que convivo

com esse estranho!

Edmilson Cunha
Enviado por Edmilson Cunha em 28/04/2010
Código do texto: T2224985
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