Na defesa do mestrado

Era 14 de fevereiro de 2005, dia da defesa da minha dissertação de mestrado. Meus pais, meu irmão Rafael e minha tia Leiko deixaram seus afazeres e viajaram 240 km para me prestigiarem com sua presença. Lembro-me sempre disso emocionado! O papai deixou um dia de trabalho e a mamãe reiniciaria seus estudos noturnos neste dia.

Apresentei o meu trabalho durante 20 minutos. Havia muitos amigos, a sala estava lotada, o que chamou a atenção do meu orientador. Fiquei feliz com presença de todos e agradeci a consideração logo no início da defesa.

Na arguição, os integrantes da banca ressaltaram que os agradecimentos que constam no texto da dissertação eram "diferentes". Talvez porque escrevi com o coração.

Enquanto esperávamos o julgamento da banca examinadora, do lado de fora da sala, uma colega elogiou a minha apresentação dizendo que adquiri no budismo a habilidade de falar em público.

Quando retornamos, foi comunicada a minha aprovação. E então aconteceu a cena mais emocionante que eu poderia ver. Meu pai, uma pessoa extremamente humilde, tímida e sem estudo, foi em direção aos professores da banca examinadora e agradeceu a cada um com um forte aperto de mãos. Sinto que ele reuniu uma grande coragem para este ato, vinda do orgulho do filho. Neste momento, apresentei meus pais aos professores, que os parabenizaram também. Na verdade, quem sentiu o orgulho fui eu, por ter pais tão maravilhosos assim...

Depois eles me disseram que não entenderam uma palavra do que eu apresentei, o que é natural por ser um tema extremamente específico. Entretanto, compreenderam muito bem a segurança e o sentimento com que eu apresentava, a intensa batalha que eu havia vencido para chegar até ali, o resultado de tantos esforços empreendidos, os grandes elogios dos professores e a magnitude do patamar profissional e acadêmico que eu atingi com a obtenção deste título.

A minha maior alegria e vitória é poder proporcionar este sentimento tão bonito às pessoas que apostaram e confiaram em mim.

Escrevi na dedicatória da dissertação: “Dedico este trabalho ao meu mestre da vida, Daisaku Ikeda, por ensinar o caminho direto para a felicidade absoluta; aos meus pais, Lourdes e Yochio, pelo inestimável legado: o estudo; e ao meu melhor amigo, Rafael, meu irmão preferido, pela minha admiração e pela sua confiança.”

A epígrafe foi de Victor Hugo: “Coragem! Vocês pertencem à geração do futuro. Vocês realizarão grandes feitos.”

E nos meus agradecimentos consta:

* * *

O ano 2004 foi o mais feliz da minha vida. Além de concluir este trabalho com muito orgulho, realizei o tão sonhado treinamento no Japão (que parecia impossível!) e encontrei-me com meu mestre Daisaku Ikeda.

Nunca gostei tanto de empreender um trabalho como neste ano. Quem me fez enxergar a minha paixão pela Pesquisa Operacional foi o professor Moccellin, um grande exemplo de profissional e um excelente orientador tanto na parte técnica como nos conselhos pessoais. Não sei o que é maior: o orgulho ou o privilégio de ser seu orientado. Deixar de valorizar é falta de gratidão.

Mas devo o que sou aos meus pais. É uma dívida que jamais conseguirei saldar. Eles não têm nem o ensino fundamental completo. Meus avós maternos apenas sabem ler. Os paternos aprenderam o idioma português apenas para se comunicarem no Brasil. Com isto, quero mostrar minha origem humilde e o fato de que sou a pessoa mais graduada em minha família. Isto não me torna melhor que ninguém, mas responsável por incentivar todos a estudarem e a vencerem.

Agradeço aos meus amigos (...), que me viram “reflexivo” na fase de inspiração. Agradeço à minha família, que sentiu minha “falta de tempo” na fase de transpiração. Agradeço aos professores (principalmente ao Nagano) e funcionários do departamento, que me viram instrospectivo pela preocupação. E agradeço aos companheiros da BSGI de São Carlos, Ribeirão Preto e S.J.Rio Preto (e todas as outras cidades), bem como aos amigos do Grupo Sekai Kofu do Brasil, que acompanharam a minha vitória.

(...)

Em 2005, continuarei trilhando a mesma estrada...

* * *

E assim venho fazendo, caminhando e cantando e seguindo a canção.

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 29/09/2009
Reeditado em 10/01/2011
Código do texto: T1837706
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